segunda-feira, 23 de setembro de 2013

tempo de ternura


Ricardo
Aconteceu no sábado. Após uma bela cerimónia no Santuário do Sameiro, a Ana Alexandra e o Carlos Eduardo uniram as suas vidas perante um grupo de amigos e familiares de maior proximidade de afectos.
Foi emocionante vê-los percorrer o corredor do Santuário em direcção ao altar onde se encontraram para olharem no mesmo sentido e iniciarem uma nova caminhada da sua vida. 
A noiva estava deslumbrante e isso notava-se no rosto feliz do homem da sua vida.

Para os progenitores, é sempre uma emoção ver que se cumpre o principal objectivo da sua existência: a felicidade dos filhos.
Porque o papel dos pais é fazer tudo o que for possível para que os filhos consigam as duas coisas mais importantes na vida: ganhar asas e ganhar raízes. 

Asas, para que possam voar por este mundo tão conturbado, sobretudo a nível social. E, felizmente, ambos os protagonistas do dia têm sabido voar na perfeição. 

Raízes, são os valores de família: honestidade, lealdade, amizade e fraternidade. E, também neste particular, o novíssimo casal tem sido um exemplo.
Ricardo
E foi também em nome desses valores que, à sua volta, se reuniram tantos amigos e familiares. 


Neste tempo de voos rasantes à ternura, apetece partilhar os afectos que me inundaram a alma e que, por temer que a emoção embargasse a voz, não fui capaz de compartilhar durante a cerimónia:

«Meu filho: Estou muito orgulhoso do teu percurso de vida.
O tempo passou num ápice desde que te aconcheguei ao meu peito pela primeira vez, logo após o nascimento. A tua mãe e eu adoramos ver-te crescer e acompanhamos com imenso orgulho as várias fases da tua formação.
Não esqueço que sempre lutaste para que a nossa família fosse um porto seguro de harmonia e de bem-estar. 
E quando sopraram ventos mais adversos, trazendo a brisa do desassossego, sentimos que te agigantavas no abraço afectivo e as tuas palavras foram sempre de muita força e esperança.
Por isso e muito mais, sempre nos orgulharemos dessa tua faceta de imensa ternura e de enorme carinho. 

Mas acho que Deus quis recompensar-te, quando colocou a Ana Alexandra no teu caminho.
Cedo deixaste que o teu coração voasse para a Freguesia de Padim da Graça para encontrar o teu verdadeiro amor.
Nunca esqueço aquele tempo, tinhas talvez uns 13 ou 14 anos, de passarmos na Graça e ver o teu olhar fixo numa determinada direcção. Foi a Joaninha (tua irmã), que nos confidenciou – a mim e à tua mãe – que por ali morava a princesa do teu coração.

Ricardo

Lembro, também, o tempo de conquista – na primavera da tua juventude – quando procuravas todas as formas para surpreender aquela que hoje se tornou na tua esposa.

Considero, aliás, que és um homem de sorte, por teres conquistado uma mulher tão bela, gentil, carinhosa, meiga, responsável e inteligente.
A Ana foi sempre uma aluna brilhante na sua carreira académica. No secundário nunca se lhe viu uma negativa. No ensino superior, chegou a ser honrada pela Universidade no grupo das melhores alunas da Escola de Direito.

Manifestavas-te muito orgulhoso e sempre nos relatava os feitos que a Ana ia alcançando. Mas, acredita, o que sempre mais admirei na Ana Alexandra foi o seu carácter e o grande amor à família.

Carlos e Ana
Sois um exemplo de casal feliz. Hoje, o vosso olhar ficou mais brilhante e o sorriso acampou no vosso rosto.
Doravante, lembrem-se que, tal como escreveu o poeta moçambicano, Mia Couto, «O paraíso não é um lugar. É um breve momento que conquistamos!».
O nosso maior desejo é que este feliz momento de hoje se transforme numa conquista de todos os dias da vossa vida!»

Ricardo
 

sábado, 14 de setembro de 2013

Apenas um rumor …



                                        "Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."
 (Clarice Lispector)


Pressinto quando as coisas estão a acontecer. Porque, nesses momentos, tudo parece parar no meu mundo ferido de esperança. 
Não sei para onde vou…apenas sei que me sinto povoado de vozes lentas e fantasmagóricas.

CG

Por vezes o sonho é tão transparente que consigo ver para além do mar. Mesmo que a visão fique turva de repente.

E é aí que tenho vontade de partir … sem regressar!
Abraçar o meu deserto feito ao longo da vida com as pedras que forem emergindo pelo caminho. 
Num tempo traçado por um destino sem alma.
Um dia, mais perto que longe, chegarei ao fim da caminhada. 
Sem mágoas nem saudade. Apenas um rumor de mar à minha espera… um remanso de águas salgadas misturadas com o vento das marés. 
Num tempo que não passa nunca! Um tempo que ficará para sempre colado a mim!