segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Quem sabe ...




Ouço o Pedro Barroso neste início de noite calma, de silêncios e melodias. 
Lá fora, a chuva cai, talvez em obediência a uma rotina que vem de longe. Já nem consigo lembrar com nitidez o deslumbramento da luz solar em cor azul. São de chumbo estes tempos de inverno vestido a rigor.
No fim-de-semana, que ontem desfaleceu, temeu-se o pior. Anunciava-se uma borrasca cruel e brutal. Mas apenas uns breves arranhões foram sentidos em terras do centro do meu país. E foi precisa a luz de um estádio para justificar tamanho alarido meteorológico.
Este tempo, coberto de cinza húmida, parece querer afastar de mim a poesia que chega de longe. Um verso quente que emerge, de quando em vez, na minha vida. Depois de uma troca de afectos, plenos de esperança, cansa de paciência e afasta-se uma vez mais, cumprindo o ciclo das marés ... ou de renovada paisagem colhida em qualquer café de esquina.
Este tempo é propício a isso mesmo: é impaciente, turvo quanto baste e transparente apenas no olhar. Quem sabe se, uma outra vez, essa visão surge numa qualquer estrela do meu firmamento. Quem sabe ...
Imagem: Google