sábado, 22 de setembro de 2012

Vaga de fundo …


Imagem do Google



Há rumores na minha rua
Mar de gente em solidão
Gritam a voz que mingua
Clamam um futuro de pão


Neste dia de sol poente
Carente de chuva triste
No grã clamor desta gente
Há um povo que resiste


Há um tempo a correr veloz
Fortes ventos a apregoar
Toda a urbe ergue sua voz
Até que volte a magoar


Aqueles sinais que inquietam
Um poder já moribundo
São murmúrios que despertam
Toda esta vaga de fundo ...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tempo de espera…





Foto: Carlos da Gama






O final do Verão aproxima-se a passos largos. 
Em breve, a chuva, o frio e o vento regressarão ao meu quotidiano, empastando os dias e alongando os meses do meu descontentamento.
 Será o tempo de adormecimento da natureza e das noites aquecidas pelas lareiras de cada destino. Será, também, o tempo de algumas despedidas, de mudança de ares, de novos horizontes de lua cheia, de esperança de concretização de um sonho que semeará quimeras pelas falésias da ilusão. Porque os sonhos maduros florescem, mesmo em tempos de vertigens frescas, nos rios da liberdade!
Será, ainda, um tempo de baladas secretas em nome de paixões suspensas por cativos voos de maresia que teimam permanecer com luz desperta. Pois, dentro do peito coexistem rosas vermelhas desfolhadas em afectos e uma ternura afagada pela corrente que dá sentido a cada sonho.
Este ciclo da vida -, de nascer, crescer e morrer -, desaguará num novo renascimento da voz da terra donde emergimos e que é a nossa casa comum. Apesar da alma se abrigar nas estrelas que olham este planeta duma forma meiga e sedutora.
Toda a nossa vida é um tempo de espera ... 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Por breves momentos…



A notícia acaba de chegar através dos média: «Morreu Luiz Goes, a voz do fado de Coimbra». Voz inconfundível que, na minha infância tardia, incutia uma sensação amarga e doce e de surpreendente nostalgia pela triste sorte do meu país, cantado na clandestinidade.
Luiz Goes, Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso são pilares da música de intervenção que emergiu, no Portugal amordaçado, na década de sessenta do século passado.
Não esqueço que foi pela voz destes timoneiros da liberdade que aprendi a olhar o meu semelhante de forma diferente. E, por isso, estou-lhes profundamente grato.
Hoje o Luiz Goes partiu para junto dos seus companheiros da canção de protesto. É mais um pedaço de mim que se afasta por breves momentos…
 

Sinal dos tempos!