quarta-feira, 29 de junho de 2016

Auxerre



Após uma estada retemperadora em Pont-à-Mouson, rumamos a Ligny en Barrois, localidade da região da Lorena, no nordeste de França. 



Situada no coração do vale do rio Ornain, a cidade deve muito da sua prosperidade à empresa Essilor, famosa no mundo da óptica oftálmica.

Mas foi o seu belo porto fluvial e o passeio ao longo do canal que nos deixou a vontade de um dia aqui regressar. 


Seguiu-se Auxerre, cidade banhada pelo Rio Yonne e capital da baixa Borgonha onde os planaltos são campos e florestas e as encostas cobertas de vinhas e árvores de fruto.
Construída sobre uma colina, a cidade viu passar alguns grandes nomes, através dos tempos, como Joana d’Arc, que tem uma estátua na catedral de Saint Étienne.
Considerada uma cidade de arte e história, Auxerre possui belos monumentos, principalmente religiosos, um excepcional património arquitectónico, preservado através dos tempos, e um centro histórico que conserva vários edifícios da Idade Média em ruas estreitas.
Das inúmeras igrejas que existem, elegemos a imponente Cathédrale Saint-Étienne, de estilo gótico e com uma construção iniciada em 1215 e terminada no século XVI. 
Também a prestigiada Abadia de Saint-Germain, que preserva alguns dos frescos mais antigos de França, está em perfeito estado de conservação. Localizada no centro da cidade, o seu interior é de extraordinária beleza. 
Banhada pelo Rio Yonne, a cidade possui umas margens idilicas repletas de barcos para fruição dos turistas.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Pont-à-Mousson

                 
Já na França e depois de atravessar o Luxemburgo, alcançamos Pont-à-Mousson, uma cidade situada no coração da Região da Lorena e no departamento de Meurthe-et-Moselle, a meio caminho entre as cidades de Nancy e Metz, no sopé da colina Mousson. 
A cidade está localizada nas margens do rio Moselle que lhe acrescenta beleza.
No centro da cidade está a Praça Duroc, de formato triangular e com muitas arcadas que lhe conferem um ar medieval.
A partir do século XIII, Pon-à-Mousson transformou-se numa cidade comercial próspera antes de se tornar num centro intelectual com a criação da primeira Universidade de Lorena em 1572.
É na margem esquerda do Moselle que encontramos a Igreja Saint Martin, construída no final do século XII e que, em 1572, se tornou na Igreja da Universidade Lorraine, confiada aos jesuítas. No entanto, em 1768 a Universidade foi transferida para a cidade de Nancy
Muito perto desta Igreja situa-se a Abadia de los Prémontrés de Pont-à-Mousson, de estilo barroco e construída entre 1705 a 1735. 





Na actualidade, a abadia está dessacralizada e funciona como um centro cultural da região da Lorena.
Pont-à-Mousson é uma cidade que atrai um crescente número de turistas à descoberta dos seus locais aprazíveis, a sua história, a praça de arcadas com as casas renascentistas, o pátio antigo da Universidade e as Igrejas já referidas.
As excelentes condições oferecidas aos autocaravanistas, a beleza do rio que por ali serpenteia e o bom tempo que se faz sentir conferem à cidade uma aura hospitaleira que amamos fruir.


sábado, 25 de junho de 2016

Bastogne e Arlon





Um dos propósitos desta viagem era passar pelo sul da Bélgica, mais precisamente, na Província de Luxemburgo (Região da Valónia), para visitar Bastogne onde existe o «Mardasson Memorial», um enorme monumento dedicado aos norte-americanos que lutaram na Batalha de Bulge, no decurso da Segunda Guerra Mundial.
O cerco de Bastogne – combate travado por tropas dos Estados Unidos e da Alemanha Nazista - foi uma das mais sangrentas batalhas na linha ocidental já que esta cidade tinha uma grande importância estratégica para ambos os exércitos envolvidos, por representar um relevante centro rodoviário.









Foi o General Americano, George Patton, que libertou a cidade de Bastogne que estava a ser cercada e massacrada pelo exército alemão. 

Naturalmente que esta libertação se fez com um enorme desgaste das tropas aliadas, confirmado pela estatística: cerca de 75 mil soldados americanos perderam a vida naquela batalha.








A praça central de Bastogne exibe um tanque americano Sherman que tomou parte na batalha, destinado a homenagear os soldados americanos que lutaram pela sua libertação. Também no cemitério Henri-Chapelle foi erigido um monumento a George Patton, precisamente onde cerca de 8 mil soldados americanos estão enterrados.

Após a visita à cidade e aos vestígios de memória da II Guerra Mundial, voltamos à estrada para visitar a cidade de Arlon, também ela libertada pelo exército de Patton.

A escassos quatro quilómetros da fronteira com o Luxemburgo, Arlon, é considerada a mais antiga cidade da Bélgica, tal como testemunham alguns vestígios romanos.
Trata-se de uma cidade robusta e com alguns atractivos arquitectónicos. Pena que as suas ruas exibam manifesta pobreza, com muitas pessoas de mão estendida. Uma surpresa num país rico e solidário como a Bélgica.
As Igrejas de San Donato e St. Martin, a Sinagoga, o Cemitério Judeu e o Museu Arqueológico são os principais atractivos desta bela cidade.


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Atomium e Waterloo










De novo na Bélgica, visitamos o Atomium, um dos prédios mais emblemáticos de Bruxelas. 

Construído para a exposição mundial de 1958, tem formato de cristal de ferro ampliado 165 biliões de vezes, com nove esferas, cada uma com 18 metros de diâmetro, conectadas por vinte tubos. Três grandes pilares sustentam a estrutura – uma «mistura de escultura e arquitectura», como dizem os folhetos - de 102 de altura que recebe dezenas de milhares de visitantes por ano. 
Tal como a Torre Eiffel, de Paris, o Atomium, que foi construído, como símbolo de inovação e modernidade, para a Exposição Universal de 1958, passou a ícone de Bruxelas e de um tempo.

Um outro local mítico da Bélgica que há muito desejava visitar era o memorial de Guerra de Waterloo, região ligada à tentativa hegemónica imperialista de França sobre a Europa e ao fim político de um dos maiores comandantes militares de todos os tempos: Napoleão Bonaparte.
Tal curiosidade foi igualmente cimentada pela leitura de Os Miseráveis, de Victor Hugo, considerado um dos maiores best-sellers de todos os tempos. 














A trama aí romanceada passa-se, precisamente, na França do século XIX entre duas grandes batalhas: a de Waterloo (1815) e os motins de Junho de 1832, em Paris, quando estudantes republicanos tentaram, em vão, derrubar o regime do rei absolutista, Luís Filipe I. 
Li Os Miseráveis na minha juventude tardia. Rapidamente me apaixonei pelo livro, inquietantemente religioso e político, e pela extraordinária força que ele emana na defesa de todos os tipos de injustiça humana.







Foi tão marcante para mim que, até aos dias de hoje, reli a obra umas cinco vezes e mantenho a energia de a reler uma outra vez, pelo menos.
Foi no Mont-Saint-Jean, na Bélgica, nas proximidades do campo de Batalha de Waterloo, que Vitor Hugo terminou de escrever Os Miseráveis. Aí, descreve, em cerca de oitenta páginas e com excepcional mestria, esse confronto militar tão decisivo no redesenho do mapa politico da Europa.
O monumento comemorativo da Batalha de Waterloo, conhecida como a «Colina do Leão», marca o local em que ficou ferido o Príncipe de Orange – comandante das tropas belgo-holandesas às ordens do Duque de Wellington. Com 38 metros de altura e uma circunferência de 491 metros, o monumento, mandado erguer pelo pai do Príncipe, o rei Guilherme I, é encimado por um leão de ferro fundido, de cerca de 32 toneladas, que mede aproximadamente cinco metros de comprimento e cinco metros de altura. Dali obtém-se uma excepcional panorâmica do campo de Batalha de Waterloo.


terça-feira, 21 de junho de 2016

Afsluitdijk e Hindeloopen












De Hoorn para Hindeloopen passamos pelo maior dique da Holanda, chamado de Afsluitdijk, com um comprimento de cerca de 32 quilómetros, uma largura de 90 metros e de 7 metros sobre o nível do mar. 
O dique, ao fechar o mar, criou o enorme lago Yssel (hoje de água doce) que é o maior da Europa Ocidental.

Esta construção, ideia do engenheiro holandês, Cornelis Lyle, na altura ministro das obras públicas, teve como objectivo combater as grandes inundações que periodicamente ocorriam naquela zona motivadas pelos temporais e marés.


É uma obra grandiosa que honra o génio holandês que, durante séculos, precisou de desenvolver para proteger o país contra a água pois grande parte do território fica abaixo do nível do mar.







Pelo final da tarde, procuramos pernoitar em Bolsward, uma pequena cidade da província da Frísia. 




No entanto, uma certa confusão de trânsito e o equipamento da área de serviços de motorhomes vandalizado, levou-nos a percorrer mais cerca de uma vintena de quilómetros e descansar em Hindeloopen.

E ainda bem que assim fizemos porque descobrimos uma das mais belas aldeias que vimos na Holanda, localizada nas margens do grande Lago Yssel, atrás referido. As suas pequenas casas coloridas, seus canais e pontes fazem desta localidade uma jóia dos vilarejos pitorescos e tradicionais que a Holanda tem de sobra.


domingo, 19 de junho de 2016

Hoorn





A caminho do maior dique da Holanda – o Afsluitdijk -, visitamos a pequena cidade de Hoorn, que teve grande prosperidade económica no século XVII quando era uma das principais bases comerciais da Companhia das Índias Orientais da Holanda.

Um passeio pelo velho porto e ruas do centro histórico dão-nos a sensação de que o tempo parou por aqui. 
Vários navios perfilados pelo canal adentro, alguns com velas içadas, arrastam-nos para o seu passado pujante e quase podemos sentir o cheiro das especiarias, que ali eram comercializadas, trazidas do extremo oriente.










Com o passar do tempo, a prosperidade de Hoorn começou a declinar e o porto transformou-se numa infra-estrutura de apoio a pouco mais que uma vila de pescadores. Nos dias de hoje, para além dos vários monumentos que mantêm a atmosfera histórica do lugar, a arquitectura moderna mistura-se com a paisagem urbana do passado, emprestando-lhe um encanto extraordinário.



sexta-feira, 17 de junho de 2016

Amesterdão



Chegamos à cidade de que se diz ter mais bicicletas do que pessoas e onde existem «mais de 100 quilómetros de canais, cerca de 90 ilhas e 1500 pontes». 
Por aqui se pode fazer uma pequena ideia da magnífica Amesterdão, capital da Holanda.

Inscrita na lista do Património da Unesco, a cidade deslumbra pelos imensos canais e tendências culturais. 
Num dos pontos principais de Amesterdão, que fica em frente do complexo rodoviário e marítimo, é um frenesim de gente de diversificados credos e pátrias. 
Um outro espaço importante é a «Praça Dam», local que se destaca pela presença da casa real, a basílica de Niuwe Kerk e um monumento nacional.
 
São vários os dialectos que se ouvem nas ruas estreitas que ladeiam os canais. Na maior parte delas ouvem-se vozes melódicas que acompanham instrumentos mais ou menos exóticos, sempre com um espaço para recolher as moedas que são lançadas amiúde.
O corrupio de bicicletas que deambulam por ali, num à-vontade que impressiona, confere a esta cidade um carácter íntimo e inspira um agradável sentimento de proximidade

Amesterdão é mundialmente famosa pela visão liberal da vida e pelas formas extravagantes de celebrá-la. Exemplos disso são as famosas «casas da luz vermelha», que exibem corpos nus em plena luz do dia, encaradas com uma descontracção que só Amesterdão é capaz de suscitar. 
E o consumo de cannabis é tolerado e vendido aos adultos nas populares «coffeeshops» espalhadas pela cidade e muito frequentadas pelos turistas.

É admirável o respeito pela liberdade que a cidade cultiva, postura baseada na responsabilidade pessoal. 
Daí que, apesar da imensa gente que passeia pela cidade, a pé, de bicicleta, de barco ou outro meio qualquer de transporte, não se sente confusão mas, tão só, um caos organizado, apaixonando qualquer viajante pela sua frugalidade e espontaneidade. É, sem dúvida, um destino ideal para passear e desfrutar do melhor que a vida tem para nos oferecer.