quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cerveira



 

Estamos em Vila Nova de Cerveira. 
Encontramos a marginal afidalgada com uma série de actividades lúdicas que acolhe uma multidão de crianças, jovens e adultos em tempo de veraneio. 
A ecopista que ladeia o Lima, de cerca de cinco mil metros, é percorrida em contínuo por atletas de todas as idades que ali buscam uma melhor forma física e o afastamento das doenças da modernidade, sobretudo, as relacionadas com a alimentação. 
O Parque Aquático junta muita gente, na sua grande maioria jovens que se divertem em contacto com a água.
Mas Cerveira tem um encanto acrescido nesta semana dedicada às rendas e ao croché. 
Um passeio ao entardecer pelo centro histórico revela-nos um surpreendente cenário: edifícios públicos, casas particulares, jardins, mobiliário urbano, sinais de trânsito, postes de iluminação, portas, janelas, varandas, esculturas e monumentos, todos enfeitados com rendas multicolores. 
Também os troncos das árvores são adornados com rendilhados que lhe dão uma extraordinária beleza, sobretudo, pela novidade.
Foi bom de ver uma das principais ruas da Vila coberta por centenas de guarda-sóis coloridos a par de faixas de tecido de várias tonalidades cromáticas. 
Pena que este encanto de Cerveira não permaneça o ano inteiro!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Melgaço

 
 



Anoitece em Lamas de Mouro. 

O sol ainda alumia o cimo dos montes fronteiriços. 
 
Mas já se ouvem os chocalhos dos bovinos e caprinos que recolhem aos currais.
Não se vê ninguém por aqui.  

Os funcionários da «Casa de Interpretação da Porta de Lamas de Mouro», espaço especializado para obtenção de informação sobre o Parque Nacional de Peneda-Gerês, já abalaram para as suas casas, deixando apenas um cão que se posta em frente do edifício, como se fosse o seu guarda.

Os pássaros emudeceram os seus chilreios e a água do Rio de Mouro queda-se numa mansidão que impressiona.

A luz artificial inicia o seu labor de iluminar a noite nos locais de maior interesse. 

 Após o jantar, rumamos à Vila de Melgaço para aí pernoitar. 
 Melgaço é uma Vila raiana portuguesa, do distrito de Viana do Castelo. 


Exibe um centro histórico muito belo, totalmente recuperado, com as ruas estreitas e as casas em pedra.  
A sua muralha e o Castelo estão classificados Monumentos Nacionais.

sábado, 26 de julho de 2014

Veigas de Lamas de Mouro




- Tens filmes para visualizarmos esta noite?
A pergunta soou nos meus ouvidos quase como uma blasfémia. 
Era o que faltava vir para as «veigas de Lamas de Mouro» munido de uma série de fitas de aviário. 
O tempo, por aqui, tem de ser ocupado na contemplação, sem dúvida! 
Mesmo que na serra o dia anoiteça cedo e o horizonte se aproxime mais de nós.
Ao elevar o olhar pela paisagem, o azul do céu segue-se, imediatamente, ao verde dos vidoeiros, abetos, pinheiros, teixos, castanheiros e carvalhos, entre outras variedades da rica flora que inunda este vasto Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Chegamos, já a tarde amadurecia. Mas ainda vimos fumos pelos relvados agrestes e pressentimos murmúrios de vozes, quentes de mosto, dos que aproveitam o dia todo na companhia da impressionante beleza paisagística de Lamas de Mouro.
O sol de verão ainda alumia as verdes pétalas da luxuriante vegetação. 
Há momentos, percorri alguns trilhos próximos do veio de água que se desnuda em todo o esplendor. 
Sempre me impressionaram as ribeiras do Gerês que, por tão transparentes, fazem questão de mostrar as entranhas, num sereno convite ao mergulho nas suas águas.
Vir para estas paragens de sonho, faz bem à alma.
Gostaria, até, de me perpetuar por aqui um bom par de semanas. Porque sinto-me mais perto de mim. 
Aqui revivo os silêncios de que sou tão carente. 
Aqui aprecio melhor esta ancestral relação da vida com a natureza, donde nunca devíamos ter saído. 
Aqui consigo deixar mais longe a artificialidade da vida e entregar a ilusão aos prados e montes que me rodeiam.

O Rio de Mouro passa a meus pés com as suas águas translúcidas e sossegadas. Não se vê ou sente vivalma.

Todo este oásis do Gerês, esverdeado pelas chuvas invernais, está repleto de árvores de espécies autóctones.

São as Veigas de Lamas de Mouro que fizeram o encanto da minha juventude. 
Era para cá que vinha, quase todos os anos, «carregar baterias» para o stress citadino e laboral. 

Normalmente, passava cá os últimos dias de férias de final de Verão e, quase sempre, tinha a chuva por companhia. 
Mas existe maior encanto em tempo quente e soalheiro. Porque o calor permite um outro olhar das águas mansas que serpenteiam pela floresta.

O silêncio é absoluto. 
Apenas se ouve ao longe o chilreio dos pássaros que por aqui curtem a vida. 
A própria brisa, que nos aconchega, não é suficiente para importunar os ramos dos ulmeiros, castanheiros e vidoeiros que se estendem pelo planalto.
Está uma tarde de sonho. 
O quadro bucólico que me rodeia é tão pujante, tão maravilhoso, que gostava de possuir engenho bastante para o retratar em palavras. 
Gostava de pintar a transparência das águas que passam de mansinho pelos trilhos fluviais. Amava retratar o verde da floresta encimado pelo azul do céu. Queria saber criar o sabor da brisa que me prende os pensamentos a esta vida. Nas veigas de Lamas de Mouro.