sexta-feira, 28 de junho de 2013

CAEN – a memória que não se apaga






Cidade mártir na batalha da Normandia, que teve início em 6 de Junho de 1944, um dos dias mais importantes da Segunda Guerra Mundial.


Visitamos a «Memorial» que a cidade construiu para que a memória desse tempo jamais seja esquecida. 
Trata-se de um museu dedicado, em grande parte, à história da Segunda Guerra Mundial, embora contenha, de igual forma, informações sobre guerras subsequentes, como a Guerra Fria.

É um historial à volta dos combates que tiveram lugar em toda a região normanda, na qual perderam a vida cerca de 20 mil civis.
Ali, o visitante pode reviver o ambiente em torno do desembarque dos aliados, do bombardeamento da cidade de Caen e o consequente sofrimento da população.

Um dos monumentos que foi poupado à destruição foi a «Abbaye-aux-Hommes», uma obra de arte românica, fundada em 1067. 


Serviu de refúgio da população que não conseguiu fugir para o campo durante os intensos bombardeamentos que destruíram toda a cidade de Caen.

Foi bom de ver os inúmeros jovens que ali acorrem, em visitas de estudo, para vivenciarem a história recente do seu país. 

Caen não permite que se desvaneça a memória de um tempo que envergonha a humanidade. 
Um tempo de ódio, promovido pelo totalitarismo e fascismo. 

Mas foi, também, um tempo de esperança, em que um punhado de nações deu o seu melhor, numa luta sem tréguas, para resgatar o velho continente de um dos poderes mais opressivos ao tempo.

Oxalá que a paz conquistada há 69 anos perdure. Para isso, é imprescindível que a memória seja constantemente vivificada. 
Tal como é o objectivo do Memorial de Caen.

 Fotos: CG

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Point du Hoc - a bravura dos rangers!





É arrepiante saber que os soldados aliados subiram esta falésia, de cerca de 30 metros de altura, perante uma poderosa frente de artilharia alemã, escondida nos vários bunkers que vigiavam toda aquela costa. 
E custa a crer que tal feito aliado tenha obtido sucesso.


As tropas ocupantes dispunham de uma artilharia capaz de varrer um largo sector da costa. 
E isso constituía uma enorme ameaça apontada às praias próximas escolhidas para o desembarque dos aliados: Utah Beach, a oeste, omaha beach, a leste.

Por isso os alemães gabavam-se de que aquela frente de mar era inexpugnável e inacessível a um ataque dos aliados. Mas provou-se que para estes não havia impossíveis.

Apesar da grande perda de vidas humanas, o exército americano enviou, por mar, uma patrulha de rangers para tomar o local, trepando pelas falésias para atingir o cume e derrotar as tropas alemães ali barricadas em poderosas fortificações e trincheiras. 

Após tomarem a posição de Point du Hoc, as tropas americanas conseguiram destruir os canhões de artilharia inimiga e aguentaram a posição por mais dois dias, até serem rendidas pelas tropas que, entretanto, tinham desembarcado em omaha beach.


As perdas são enormes. dizem as estatísticas da guerra que, passados dois dias de combates, dos 225 rangers a quem foi confiada a missão de subir as falésias, com escadas de cordas, somente 90 estavam em condições de combater e carca de 80 tinham já perdido a vida. 

Ao passar por ali, senti um enorme orgulho pelos jovens soldados que vieram de todo o continente americano sacrificar as suas vidas em nome da liberdade.

Aos milhares de soldados de várias nacionalidades que perderam as suas vidas na região da Normandia, a Europa fica a dever uma eterna gratidão!


 Fotos: CG

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Omaha Beach – espaço sagrado!




Estamos em Omaha Beach, num espaço que a França doou gratuita e perpetuamente aos Estados Unidos da América. 
Aqui jazem cerca de 9600 soldados americanos que tombaram nos primeiros meses na Batalha da Normandia sendo que, a maior parte deles, não sobreviveram aos primeiros dias do desembarque nas praias desta bela região francesa. 

Este espaço é um monumento de grande dignidade que honra os heróis americanos.
Por entre campos verdes, constantemente tratados por equipas profissionais, perfilam-se marmóreas cruzes brancas a indicar o nome, o estado americano de origem e o dia da morte de cada militar. 
Algumas cruzes exibem flores e recordações, sinais de que são lembrados por familiares e amigos. 
Ali, sente-se bem que a América sabe honrar os seus heróis da melhor forma. Daí eu compreender melhor o muito falado «orgulho americano».

Não consegui conter as lágrimas ao pisar aquele solo sagrado. 
Tive um desejo imenso de abraçar cada cruz e gritar bem alto o meu eterno agradecimento àqueles homens. 
No silêncio que habita este local pensei na heroicidade destes jovens que vieram de muito longe para libertar uma Europa oprimida pelo intolerável, xenófobo e fascista regime do III Reich.
Daí que este velho continente tenha um imenso dever de gratidão. Porque a liberdade só se valoriza quando ela dá lugar à opressão. 

Mas, também, na paz daquele ambiente, dois sentimentos contraditórios se misturaram em mim.
Por um lado, a satisfação de ver que a memória dos que tombaram pela defesa da liberdade permanece bem viva nos locais onde aconteceram os primeiros e mais duros combates frente às tropas de ocupação.
Mas, por comparação, sou invadido por um sentimento de grande tristeza por ver que o meu país não teve, nem continua a ter, a alma grande que caracteriza a América. 

Os soldados que lutaram nas três frentes de guerra em África jamais viram reconhecido o seu sacrifício, quer por parte da sociedade, quer dos vários governos da chamada democracia portuguesa. 
Dos milhares que por lá morreram, muitos permanecem enterrados, sem honra nem glória, em descampados que os anos e o capim muito rapidamente devotaram ao desprezo.
É triste que assim tenha sido. Isto diz muito do povo que somos. Um país que não honra os seus heróis é um país sem rosto, um país sem alma!

 Fotos: CG e Tonicha