Estamos em Omaha Beach, num espaço que a França
doou gratuita e perpetuamente aos Estados Unidos da América.
Aqui jazem cerca
de 9600 soldados americanos que tombaram nos primeiros meses na Batalha da
Normandia sendo que, a maior parte deles, não sobreviveram aos primeiros dias do
desembarque nas praias desta bela região francesa.
Por entre campos verdes, constantemente
tratados por equipas profissionais, perfilam-se marmóreas cruzes
brancas a indicar o nome, o estado americano de origem e o dia da morte de cada
militar.
Algumas cruzes exibem flores e recordações, sinais de que são
lembrados por familiares e amigos.
Ali, sente-se bem que a América sabe honrar
os seus heróis da melhor forma. Daí eu compreender melhor o muito falado
«orgulho americano».
Não consegui conter as lágrimas ao pisar aquele
solo sagrado.
Tive um desejo imenso de abraçar cada cruz e gritar bem alto o
meu eterno agradecimento àqueles homens.
No silêncio que habita este local
pensei na heroicidade destes jovens que vieram de muito longe para libertar uma
Europa oprimida pelo intolerável, xenófobo e fascista regime do III Reich.
Daí que este velho continente tenha um imenso
dever de gratidão. Porque a liberdade só se valoriza quando ela dá lugar à
opressão.
Mas, também, na paz daquele ambiente, dois
sentimentos contraditórios se misturaram em mim.
Por um lado, a satisfação de
ver que a memória dos que tombaram pela defesa da liberdade permanece bem viva
nos locais onde aconteceram os primeiros e mais duros combates frente às tropas
de ocupação.
Mas, por comparação, sou invadido por um
sentimento de grande tristeza por ver que o meu país não teve, nem continua a
ter, a alma grande que caracteriza a América.
Os soldados que lutaram nas três
frentes de guerra em África jamais viram reconhecido o seu sacrifício, quer por
parte da sociedade, quer dos vários governos da chamada democracia portuguesa.
Dos
milhares que por lá morreram, muitos permanecem enterrados, sem honra nem
glória, em descampados que os anos e o capim muito rapidamente devotaram ao
desprezo.
É triste que assim tenha sido. Isto diz muito
do povo que somos. Um país que não honra os seus heróis é um país sem rosto, um
país sem alma!
Fotos: CG e Tonicha
Lindas palavras, emocionaram-me!!!
ResponderEliminarQue bom ter-te por cá, minha joaninha. É reconfortante sabermos que as palavras que escrevemos libertam emoções ...
ResponderEliminarBeijo do
CG