quarta-feira, 26 de junho de 2013

Omaha Beach – espaço sagrado!




Estamos em Omaha Beach, num espaço que a França doou gratuita e perpetuamente aos Estados Unidos da América. 
Aqui jazem cerca de 9600 soldados americanos que tombaram nos primeiros meses na Batalha da Normandia sendo que, a maior parte deles, não sobreviveram aos primeiros dias do desembarque nas praias desta bela região francesa. 

Este espaço é um monumento de grande dignidade que honra os heróis americanos.
Por entre campos verdes, constantemente tratados por equipas profissionais, perfilam-se marmóreas cruzes brancas a indicar o nome, o estado americano de origem e o dia da morte de cada militar. 
Algumas cruzes exibem flores e recordações, sinais de que são lembrados por familiares e amigos. 
Ali, sente-se bem que a América sabe honrar os seus heróis da melhor forma. Daí eu compreender melhor o muito falado «orgulho americano».

Não consegui conter as lágrimas ao pisar aquele solo sagrado. 
Tive um desejo imenso de abraçar cada cruz e gritar bem alto o meu eterno agradecimento àqueles homens. 
No silêncio que habita este local pensei na heroicidade destes jovens que vieram de muito longe para libertar uma Europa oprimida pelo intolerável, xenófobo e fascista regime do III Reich.
Daí que este velho continente tenha um imenso dever de gratidão. Porque a liberdade só se valoriza quando ela dá lugar à opressão. 

Mas, também, na paz daquele ambiente, dois sentimentos contraditórios se misturaram em mim.
Por um lado, a satisfação de ver que a memória dos que tombaram pela defesa da liberdade permanece bem viva nos locais onde aconteceram os primeiros e mais duros combates frente às tropas de ocupação.
Mas, por comparação, sou invadido por um sentimento de grande tristeza por ver que o meu país não teve, nem continua a ter, a alma grande que caracteriza a América. 

Os soldados que lutaram nas três frentes de guerra em África jamais viram reconhecido o seu sacrifício, quer por parte da sociedade, quer dos vários governos da chamada democracia portuguesa. 
Dos milhares que por lá morreram, muitos permanecem enterrados, sem honra nem glória, em descampados que os anos e o capim muito rapidamente devotaram ao desprezo.
É triste que assim tenha sido. Isto diz muito do povo que somos. Um país que não honra os seus heróis é um país sem rosto, um país sem alma!

 Fotos: CG e Tonicha

2 comentários:

  1. Lindas palavras, emocionaram-me!!!

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  2. Que bom ter-te por cá, minha joaninha. É reconfortante sabermos que as palavras que escrevemos libertam emoções ...
    Beijo do
    CG

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