terça-feira, 26 de março de 2013

Voar sem asas ...



CG


Pressinto um tempo morno a passar
Um mar de ilusões que se incendeia
Um desassossego que teima em ficar
Num lento entardecer de lua cheia!

Espero um destino que não tem rumo
Que junte a utopia com esta aventura
Liberto uma prece com voz de tribuno
Ligando ousadia com suave ternura!

Anseio voar pelo tempo de outrora
Redigir poemas tristes e de saudade
Fazer amor sem ter tempo nem hora
Na viçosa floresta, ao cair da tarde!

Sonho a liberdade nos confins do tempo
Revivendo uma fantasia nova e pujante
São as quimeras que moram ao relento
Que fazem a vida parecer um instante!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Infelizmente!


Carlos da Gama

«A vida, todas as vidas são o resultado de encontros e desencontros». 
Tropecei nesta frase há uns bons anos. No momento, achei interessante, mas não mais que isso. Pareceu-me até um pouco vulgar e melancólica. Hoje, sinto a essa realidade à flor da pele. É, de facto, assim mesmo! 
O nosso percurso de vida tem o lastro da ternura que libertamos, das amizades que acolhemos, dos sorrisos que acarinhamos, dos incautos de falas mansas e dos azedumes que sobram quando tudo é posto à prova.

Ao longo da nossa vida, são muitas as pessoas com quem lidamos. Num primeiro momento, vemo-las pelos olhos da nossa alma. 
Não nos passa pela cabeça que as emoções que nos despertam não se concretizem por inteiro. Só mais tarde nos apercebemos de quão errados estávamos e fazemos justiça à sabedoria popular que avisa: «quem vê caras, não vê corações».

Desde muito cedo que um dos hobby que alimento é olhar os rostos das pessoas que se cruzam comigo, para tentar perscrutar a idiossincrasia da alma que carregam. 
E um dos aspectos que sempre me perturbou foi constatar que a maioria dos velhos apresentam um olhar triste e distante e uma áurea de preocupação e sofrimento.
Talvez, porque, ao longo da vida, somam desilusões que jamais julgaríam sofrer. Sobretudo, quando os «amigos» e, muitas vezes, os próprios afectos, se apercebem de que já não servem os seus intentos. 
Acho que esta é uma das principais marcas do ser humano. Infelizmente!