segunda-feira, 25 de março de 2013

Infelizmente!


Carlos da Gama

«A vida, todas as vidas são o resultado de encontros e desencontros». 
Tropecei nesta frase há uns bons anos. No momento, achei interessante, mas não mais que isso. Pareceu-me até um pouco vulgar e melancólica. Hoje, sinto a essa realidade à flor da pele. É, de facto, assim mesmo! 
O nosso percurso de vida tem o lastro da ternura que libertamos, das amizades que acolhemos, dos sorrisos que acarinhamos, dos incautos de falas mansas e dos azedumes que sobram quando tudo é posto à prova.

Ao longo da nossa vida, são muitas as pessoas com quem lidamos. Num primeiro momento, vemo-las pelos olhos da nossa alma. 
Não nos passa pela cabeça que as emoções que nos despertam não se concretizem por inteiro. Só mais tarde nos apercebemos de quão errados estávamos e fazemos justiça à sabedoria popular que avisa: «quem vê caras, não vê corações».

Desde muito cedo que um dos hobby que alimento é olhar os rostos das pessoas que se cruzam comigo, para tentar perscrutar a idiossincrasia da alma que carregam. 
E um dos aspectos que sempre me perturbou foi constatar que a maioria dos velhos apresentam um olhar triste e distante e uma áurea de preocupação e sofrimento.
Talvez, porque, ao longo da vida, somam desilusões que jamais julgaríam sofrer. Sobretudo, quando os «amigos» e, muitas vezes, os próprios afectos, se apercebem de que já não servem os seus intentos. 
Acho que esta é uma das principais marcas do ser humano. Infelizmente!


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