Um espaço de liberdade, um sonho concretizado ... um correr mundo para viver e saborear a natureza. Aqui deixarei impressões misturadas em emoções. Este cantinho de mim procurará ser uma partilha de partidas e chegadas... porque o meu sonho foi, sempre, sempre, o de partir e chegar! Como dizia Alexandre O'Neill: «há mar e mar... há ir e voltar!». Pois.... sirvam-se, por favor!
terça-feira, 27 de setembro de 2016
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Alentejo da cor do céu
Estamos, pela primeira vez, na Albufeira de
Alqueva, o maior lago artificial da Europa.
Visitamos, há momentos, a nova Aldeia da Luz
que tanta tinta fez correr nos idos anos oitenta e noventa do século passado.
A hora a que chegamos era de sesta pelo que
não almejamos vivalma pelas ruas e apenas um bar, pouco frequentado, nos serviu
um café de bom sabor.
A albufeira do Alqueva é um assombro.
A enorme
extensão de água, da cor do céu, dá uma beleza extraordinária a estas terras do
Guadiana.
Ao longe, avistam-se várias ilhotas desertas que emprestam à
albufeira um acrescido encanto.
Pernoitamos na ribeirinha aldeia de Pedrógão
do Alentejo, pertencente ao concelho da Vidigueira. Na Praça da República, onde
se situa a Igreja Matriz, concentram-se restaurantes, cafés e outros
equipamentos sociais.
De facto, junto a esta pacata freguesia foi
construída uma barragem, que se integra no empreendimento do Alqueva, com a finalidade
de estabilizar o caudal do rio Guadiana, bem como, produzir energia eléctrica e
abastecer de água de rega este belo Alentejo da cor do céu e com horizontes de
restolho dourado da terra quente.
As ilhas doiradas, que se
espelham na lonjura, parecem segredos esquecidos por entre águas de fantasia.
O sol quente, que se capricha por cá,
aconchega a vida numa espécie de ilusão de paraíso.
E apetece mergulhar nestas águas,
quase estagnadas, e embebedar-mo-nos desta paz tão próxima da maresia.
A noite cai e com ela o silêncio espalha-se
por todo o lado. Só um leve rumor se agita nos arbustos prateados pelo luar
deste belo recanto do meu país.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
lonjuras do pensamento ...
Aportamos em Fátima, uma vez mais, neste
início de Setembro. Por cá o calor derrete os corpos e até o kiko parece abafar,
preso ao capote de espesso pêlo castanho que usa em todas as estações.
A aragem que nos visita não acalma o ambiente
tropical de cerca de quarenta graus centígrados. É à sombra de um arbusto, que
julgo ser uma azinheira, que escrevo esta crónica de viagem.
Há momentos, recebemos uma chamada dos nossos
infantes, a saber se tudo estava bem connosco. É muito reconfortante, de quando
em vez, ouvirmos a voz dos «putos» partilhando emoções de proximidade. Fica-se
com a doce sensação de que a vida tem mais sentido quando nos deleitamos no
abraço de ternura que cimenta o núcleo de afectos.
Só mais logo, pelo entardecer, iremos percorrer
os locais simbólicos desta terra de fé, sobretudo, a Igreja da Santíssima
Trindade, a Capela das Aparições e o Santuário.
Apesar do calor, pela longa estrada do norte,
vimos inúmeros peregrinos em direcção a Fátima, num imenso sacrifício de
abnegação e fé. O que nos deixa a cismar nas razões desta emocionante persuasão
que, ano após ano arrasta, estrada fora, centenas de milhares de fiéis
marianos.
Fátima é um local aprazível ao corpo e à
mente. Os silêncios que por aqui se respiram transportam-nos para lonjuras do
pensamento. É uma quietação que interroga a nossa vivência colectiva. Porventura,
sensibilizados pelos rostos devotos e imagem icónicas de uma das maiores
referências do culto mariano que continua atrair gente do mundo inteiro.
Sem dúvida que a Igreja agarrou bem a memória
das três crianças que, há cerca de cem anos, traziam os animais a pastorear neste
local ermo. Depois, uma história de surgimento de sinais no sol desaguou, com a
ajuda do prelado da época, numa visita da «Mãe de Deus» com mensagens que
constituíram, durante décadas, um «segredo» bem guardado. Porque importava
criar uma atmosfera de incerteza do desconhecido para melhor alicerçar o mito.
Fátima cresceu graças a esse mito. E a
economia local muito beneficiou, desde logo, com as dezenas de lojas de venda
de «artigos sagrados» que os peregrinos compram como testemunho da sua presença
neste recinto.
No entanto, mesmo que a fé esteja arrefecida
ou, há muito renegada, não se consegue ficar indiferente aos genuínos testemunhos
que por aqui se espalham.
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