A tarde
já ia a meio. Acabamos de chegar às portas da cidade e não tínhamos
qualquer referência onde estacionar e pernoitar.
Avistamos um posto de polícia
e parámos. Ao sair da autocaravana, percebi o olhar surpreso dos agentes
que conviviam do lado de fora do posto. Dirigi-me a eles e procurei saber onde
poderia estacionar.
Já com a descontracção visível em seus rostos, fomos
encaminhados para um parque próximo dali, junto ao «Centre Commercial Acima». Estávamos
em Beni-Mellal, cidade situada no sopé do monte Tassemit, entre a cordilheira
do Médio Atlas e a planície de Tadia.
Após um
curto tempo de descanso e de estudo do local, deslocamo-nos até ao centro da
cidade para perceber o seu carácter e observar o seu modo de vida. E não demos
o tempo por
perdido.
A medina, no coração da cidade velha, tem a feição
de outras cidades e vilas marroquinas: ruas estreitas e escuras sempre cheias
de gente e onde se vende de tudo um pouco.
Impressionou-me a pobreza de algumas
bancas que apenas vendiam pequenas porções de peixe frito e outras ninharias
culinárias expostas ao sol e ao imenso pó levantado dos caminhos de terra pelos
transeuntes.
E, mesmo esses humildes locais de venda, tinham clientes que, por
uns escassos dirhams, matavam a fome.
São ruas onde não existe o conceito de higiene, sobretudo,
nas bancas de peixe e de carne, onde as moscas se passeiam aos magotes sem
qualquer manifestação de incómodo, quer por parte dos vendedores, quer dos
compradores. O mesmo acontece nas bancas de venda de pão, muitas vezes colocado
em pilhas nas soleiras das portas para cliente ver, apalpar à vontade e levar
aquele que melhor satisfaz a sua mirada.
Considerada uma das cidades mais importantes do
centro de Marrocos, Beni-Mellal é, também, uma cidade histórica e moderna, com
o seu castelo de quatro torres rodeado de amplos jardins e fontes.
Ao cair da noite, fomos abordados por dois jovens
que manifestaram simpatia pelo facto de sermos compatriotas de Figo, Coentrão e
Ronaldo, ícones do futebol mundial. Brindaram-nos com dois postais ilustrando as
melhores vistas da cidade e neles colocaram os respectivos telefones na
eventualidade de virmos a precisar enquanto aí estivéssemos. Este episódio ilustra,
na plenitude, a importância do futebol para as relações de amizade entre os
povos, por mais distantes que sejam.
Olá Carlos. Estava eu a fazer umas googlagens e vim parar aqui ao seu espaço. E, qual não é o meu espanto, vejo um link aqui ao lado para o meu Berço do Mundo.
ResponderEliminarMuito prazer em conhecer mais um viajante e, quando passar pela minha casa virtual, deixe um olá para retribuir a visita.
Um abraço e votos de muitas aventuras
Ruthia d'O Berço do Mundo
obercodomundo.blogspot.pt