«Desde a primeira hora que adivinho a desilusão de hoje. Foi um
pressentimento vago, mas teimoso. E, afinal, todas as minhas previsões se
confirmaram. A razão tem-me enganado muitas vezes. A intuição, nunca.»
Miguel Torga, in Diários
XV
Gosto
de, uma vez por outra, rumar até junto das águas mansas do estuário do Cávado
para elevar a memória aos confins da fantasia. É nesses momentos, de pura
introspecção, ou de solidão acompanhada, que a vida se desfaz em vento dispersando
a bruma de um passado que já não reconheço.
Perdi
a ousadia de revisitar contextos em que me achava dono do tempo. Mais recentemente,
a fotografia achou-se desfocada. Num instante sem retorno.
E só em pensamentos fugazes
é que revivo alguns tomos de dias felizes do meu passado morto. Sabendo que o pior
e o melhor de nós perdura quase sempre na memória dos outros.
E
esse é o momento para tudo questionar e pôr à prova. Do que se passou em
décadas distantes, resta, tão só, o que é nuclear em presenças, ternura e
afectos.
Porque a vida é uma lição que só se aprende, definitivamente, quando
já não sobra mais tempo.
Lindo...como sempre. Abraço
ResponderEliminarQue sensação boa que é ver-te a passear por estas avenidas da memória. Obrigado e um forte abraço.
ResponderEliminarCG