sábado, 19 de novembro de 2016

Escrever até ser dia!



CG

Escrever pelo fim da tarde
Denunciar silêncios e vozes
Escrever até que a saudade
Convoque angústias velozes

Escrever afectos ausentes
Nos caminhos por percorrer
Escrever remansos carentes
Do lusco-fusco ao entardecer

Escrever como que a gritar
Embalado pela voz do Cohen
Escrever trovas com o olhar
E os enigmas que mais doem

Escrever nas águas do mar
As farsas que andam por aí
Escrever e não mais parar
Surfar a seiva em que nascí

Escrever à memória tardia
Sem pesar o que a gente diz
Escrever, enfim, até ser dia
Semeando ventos pela raiz


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