Fazia muito frio quando chegamos a
Saint-Flour, vindos de Clermont-Ferrand. Aí estávamos, pela primeira vez, a
admirar aquela bela cidade de França, debruçada sobre um promontório vulcânico,
junto do maciço central francês.
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À chegada, fomos seduzidos pela cidade
baixa. Mas, rapidamente, a curiosidade levou-nos a subir os íngremes percursos
que levam à cidade alta para apreciar o extraordinário centro histórico, o
passado fortificado de Saint-Flour e o seu rico património, destacando-se a possante
Catedral de São Pedro rodeada de belas casas renascentistas e palácios do
século XVI.
Fomos, também, atraídos pela admiração da paisagem do planalto, pelo palpitar das ruas e suas gentes e pela arquitectura medieval de uma urbe de inusitada beleza.
Fomos, também, atraídos pela admiração da paisagem do planalto, pelo palpitar das ruas e suas gentes e pela arquitectura medieval de uma urbe de inusitada beleza.
Durante a subida, vislumbrei o teu rosto
ofegante do esforço e encrespado pelo vento gélido. Quase lá no alto, umas
espaçadas pingas de chuva aumentavam o pressentimento de que íamos ter
borrasca. De repente, tivemos de nos encostar sob a cobertura de um velho
prédio que fazia esquina com uma minúscula praça triangular.
A chuva aumentava a cada instante
e o forte vento empurrava-a em todos os sentidos.
Connosco, outras criaturas
abrigavam-se e estendiam o olhar para o céu cinzento como que a implorar uma
trégua naquele dilúvio.
Trocamos olhares cúmplices sobre o
que fazer: se esperar a bonança que sempre se segue à tempestade ou descer
apressadamente os cerca de mil metros que distavam do nosso abrigo.
Com o passar do tempo e como a
imagem soturna do céu se mantinha, decidimos pela segunda opção. Assim, ao
esforço da subida fomos recuperar algumas forças e corremos, rua abaixo, por entre
uma carga d’água que não parava de cair.
Ver-te chegar toda molhada,
veio-me à memória aquele fim de tarde orvalheira na nossa cidade, quando ainda
iniciávamos as doçuras do encantamento, da conquista e do compromisso. Lembro bem
aquela correria, de mãos dadas, pela avenida abaixo, até ao Palacete do Raio.
Exibias os teus longos cabelos, inundados de água da chuva, linda de juventude
e de confiança no futuro.
Confirmo-te, passadas que estão algumas
décadas, que aquele banho foi um bálsamo que amei vivenciar. A ponto de ficar, para sempre, gravado nas minhas melhores memórias. Ainda não esqueci o rosto franzino e
muito belo e recordo com paixão os teus beijos quentes de primavera florida. A
única diferença é que a chuva desta altaneira cidade é fria por demais. Talvez
porque navegamos já o outono da nossa existência. Mesmo assim, adoro evocar
emoções de tempos felizes!
Quanta ternura!!!
ResponderEliminarTERNURA* (dislexia momentânea)
ResponderEliminarParabéns, princesa! Adoramos-te!
EliminarAmor e beleza esses que persistem......é bom ver-vos felizes lado a lado. Grande abraço, cheio de orgulho.
ResponderEliminarObrigado, Carlos. A tua presença na nossa vida é que dá orgulho e cor à nossa existência. Um abraço bem apertado!
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