segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um refúgio de ternura!

Foi agradável o pequeno-grande convívio. Tinham passado vinte anos desde que se comemoraram as bodas de ouro sobre a união dos nossos afectos maiores, verdadeiras árvores da vida. 
Neste momento, de revivalismo emocional, já não estavam todos entre os conviventes. Alguns tinham partido sem alarido. O último a caminhar em direcção ao infinito foi o protagonista masculino desta história de vidas.
A árvore-mãe tinha requerido este momento para reviver emoções na companhia dos seus rebentos de maior proximidade. 
O filme da cerimónia, ali revisitado, despertou sentimentos fortes, revelados em silêncios cúmplices ou exaltações mais ou menos acaloradas. Mas tudo convergia na visão comparativa de contextos passados e dos jovens de hoje que, ao tempo, eram ainda meninos, quase todos prenhes de uma saudável rebeldia traquina.
Vinte anos passaram num ápice. Porém, as suas rotinas deixaram visíveis marcas nos convivas. 
Alguns, mais velhos, conseguem ainda disfarçar as rugas da inquietação ou a visão mais ou menos grisalha dos anos apressados. Outros vão acompanhando, sem qualquer melancolia, as mudanças que a natureza impõe. Porque é inexorável este triplo destino do nascer, permanecer e desaparecer. Um pensamento, mais elaborado, acrescentaria a essa trilogia o … «renascer»!
Estavam ali alguns dos ramos mais jovens de uma robusta árvore que, aos poucos, foi minguando nos convívios e dispersando os afectos por outras paragens. A vida de cada um, mais ou menos generosa, encarregou-se de traçar outros percursos com diferentes cruzamentos de emoções.
Mas, mais próximo das raízes, alguns rebentos teimam em permanecer em redor da árvore de ternura que foi, e continua a ser, a razão da existência de todos os ramos a que deu vida. E procuram rodeá-la dos carinhos necessários a contrariar a mancha de aridez que tem crescido ao seu redor.
Ainda bem que existem momentos assim: de um breve olhar, com matizes serenas, sobre o passado. Sem a intenção de acrescentar nostalgia a esta coexistência de vidas! Mas, quando estamos a reviver sensações, quer queiramos, quer não, faz-se presente uma mais que querida nostalgia. Sobretudo quando a árvore-mãe, apesar das andanças do tempo, continua a ser, ainda e sempre, um refúgio de ternura!

Fotografia:          Google Imagens

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