Não aconteceu o anunciado fim do mundo. Tudo vai continuar na
mesmice do costume.
Hoje o dia está húmido. Quase triste. A natureza desnudada só se remexe quando o vento corre ousado no seu encalço.
Joana Carvalho |
Entramos no inverno. Uma estação plena de ironias.
Passou já tanto tempo desde os dias longos de frio e chuva
vestidos de um viver pobre e de alegria breve.
Um tempo em que
se esperava por esta quadra com a alma em sobressalto. Algo de novo despontava
numa satisfação que não se materializava em coisa alguma. Mas existia uma
magia que animava esta época de afagos.
Passadas que foram muitas existências e o afloramento do
núcleo de afectos de proximidade, parece que a
vida perde sentido a cada dia que
passa. Olhamos em frente e vemos um espaço de sobressaltos, apesar da esperança. A
ponto de emergir a inquietante interrogação sobre se terá valido a pena todo
este percurso.
Um dia destes, li um escrito acerca do génio da arte da
criação, Óscar Niemayer, que, num desabafo tardio, terá concluído que a vida era um minuto. Tinha
vivido mais de cem anos. Mas, estou certo, se tivesse o dobro do tempo, a vida ter-se-ia igualmente
definido como um sopro. Porque, quando olhamos para trás, não vislumbramos a
largura dos afectos, nem a intensidade dos momentos vividos. É assim a vida!
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