domingo, 18 de janeiro de 2015

tempo de invernia




Dia de chuva fraca, intervalada por uns tímidos raios de sol e escassas bolsas de céu azul desbotado. 

Início de tarde em Gemesses junto ao Cávado que por cá se passeia suavemente.

Ouço os pingos da chuva contra a chapa do carro, envolvidos em música clássica que jorra da Antena 2.

Gosto de olhar a paisagem pelo pára-brisas salpicado de gotas de água que lentamente escorrem até desaparecerem.
Apesar da neblina, é bela a silhueta da Igreja da Senhora do Lago no meio do casario de borda d'água.

Algumas casas deste espaço encontram-se vazias de gente e transformaram-se em arcaicas e degradadas formas arquitectónicas. 
As suas paredes foram testemunhas de uma pujante actividade hoteleira, sobretudo, ao tempo do fim do império português. 

Foi também aqui que se refugiaram muitos dos que fugiram da guerra fratricida que se desenvolveu nos territórios africanos de soberania portuguesa após a proclamação da independência.
As ruínas de algumas residências senhoriais testemunham o tempo de uma burguesia, detentora da terra, vivendo do trabalho dos deserdados da fortuna que, entretanto, demandaram outras regiões e países na busca do sustento e de uma melhor qualidade de vida.
Não se vê vivalma. Talvez porque o tempo de invernia aconchega as pessoas junto às lareiras. Também não se ouve os tradicionais sons da faina campestre tão próprios destas bandas. Quiçá porque estamos no tempo de merecido pousio das terras generosas que bordejam o Cávado.
Dentro de pouco mais de um mês, assistiremos à explosão da natureza e ao reinício de um ciclo pródigo de exploração agrícola. Que venha logo!

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