A rádio «nostalgia» debita
melodias com mais de quatro décadas, nesta tarde cinzenta e frágil do último
dia do ano. Nostalgia positiva é, também, o estado anímico de que estou
investido, postado na margem direita do Cávado, em Esposende.
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Ao estender o olhar pelo estuário
verde, que se alinha à minha frente, uma série de pensamentos, vindos de longe,
emergem na minha alma. Quase todos feitos de saudade dum tempo que está a
findar. Apenas alguns de estupefacção pelas histórias surpreendentes e
inesperadas em que me vi embrulhado.
2015 foi, por certo, um ano
atípico na minha vida. Quando me achava lançado numa estrada de contornos
previsíveis e de metas alcançáveis, tudo se altera a certo momento. Habituado a navegar em mansos rios
de afectos, é por aí que, no início do ano, se concentra o esforço para não perder
o rumo que sempre norteou a minha vivência. Tudo foi feito para que esse
ambiente sadio se transformasse em cimento de emoções perenes.
2015 foi, também, um tempo de
fresca saudade. Por muito que se encare com naturalidade os ciclos da
existência humana, não é fácil perder a referência maior. Não é fácil!
Por último, 2015 foi de abertura
de uma confidência que já o não era há muito, muito tempo. Mas, o impulso que me chegou,
há alguns dias, foi a constatação de que o ser humano tem fragilidades que o
tempo sempre acabará por conferir.
Há muito que a ébria efabulação de um dos
nossos, que só em parte nos pertence, era do conhecimento do interessado.
Mas esse facto fora sempre ignorado no seio da turma em nome da sagrada dignidade
da fonte de ternura e afectos e, mais proximamente, da memória de saudade
que se espalhou como um estigma insanável.
A serenidade perante certas
histórias da vida real, que nos prende a existência como
humanos, vale pelo que ganhamos em afectos e sorrisos. E, apesar de tudo, acho
que valeu bem a pena!
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