sábado, 2 de janeiro de 2016

Valeu a pena!

A rádio «nostalgia» debita melodias com mais de quatro décadas, nesta tarde cinzenta e frágil do último dia do ano. Nostalgia positiva é, também, o estado anímico de que estou investido, postado na margem direita do Cávado, em Esposende.
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Ao estender o olhar pelo estuário verde, que se alinha à minha frente, uma série de pensamentos, vindos de longe, emergem na minha alma. Quase todos feitos de saudade dum tempo que está a findar. Apenas alguns de estupefacção pelas histórias surpreendentes e inesperadas em que me vi embrulhado.
2015 foi, por certo, um ano atípico na minha vida. Quando me achava lançado numa estrada de contornos previsíveis e de metas alcançáveis, tudo se altera a certo momento. Habituado a navegar em mansos rios de afectos, é por aí que, no início do ano, se concentra o esforço para não perder o rumo que sempre norteou a minha vivência. Tudo foi feito para que esse ambiente sadio se transformasse em cimento de emoções perenes.
2015 foi, também, um tempo de fresca saudade. Por muito que se encare com naturalidade os ciclos da existência humana, não é fácil perder a referência maior. Não é fácil!
Por último, 2015 foi de abertura de uma confidência que já o não era há muito, muito tempo. Mas, o impulso que me chegou, há alguns dias, foi a constatação de que o ser humano tem fragilidades que o tempo sempre acabará por conferir. 
Há muito que a ébria efabulação de um dos nossos, que só em parte nos pertence, era do conhecimento do interessado. Mas esse facto fora sempre ignorado no seio da turma em nome da sagrada dignidade da fonte de ternura e afectos e, mais proximamente, da memória de saudade que se espalhou como um estigma insanável.
A serenidade perante certas histórias da vida real, que nos prende a existência como humanos, vale pelo que ganhamos em afectos e sorrisos. E, apesar de tudo, acho que valeu bem a pena!

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