sábado, 23 de abril de 2011

farricocos e fogaréus

Há momentos cheguei da casa de minha mãe. Visito-a, quase sempre, todos os sábados. Hoje, a visita teve lugar na Sexta-Feira em que Braga comemora o «Enterro do Senhor» com uma procissão de farricocos, fogaréus, reco-recos, pés descalços, figuras ancestrais e silêncios respeitosos da assistência. São as tradições da «Semana Santa» que perduram na memória dos tempos. Apesar do vertiginoso desenvolvimento tecnológico das últimas décadas. E ainda bem que assim é!
Sempre me impressionaram estas tradições de sofrimento. Estas procissões fantasmagóricas. Este caminhar sizudo e cadenciado ao som do matraquear ousado dos varões dos andores e à luz das lucernas com cheiro de resina e incenso. Todo um contexto que parece destinado a lembrar ao homem que o sacrifício e a dor física e psíquica fazem parte intrínseca desta vida. E que a felicidade terrena não é prioritária pois só o sacrificio prepara a glória celeste na eternidade. Uma pena que assim seja...uma pena!
Em tempos já recuados, participei, como figurante, desta procissão da noite de Sexta-Feira Santa, percorrendo as ruas principais do centro histórico de Braga. Sob os olhares da população que, com chuva ou com tempo seco, sempre se apinha nas alas dos caminhos citadinos por onde passa o caixão de Cristo. Impressiona o recolhimento, quer dos bracarenses, quer dos milhares de turistas que rumam a Braga nesta época, perante os símbolos feitos memória de um tempo que, apesar de já longínquo, mantém a força da fé e da religiosidade.
Todas estas festividades e efemérides ganharam, ao logo dos tempos, uma tal dimensão que fazem de Braga um dos principais centros religiosos do país. Não sendo por acaso que a cidade há muito que é conhecida como a «Roma Portuguesa» e como a, não menos simbólica, «Cidade dos Arcebispos».
Carlos da Gama
 Foto: Google Imagens

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