segunda-feira, 25 de abril de 2011

Liberdade, liberdade!

Hoje comemora-se o dia da libertação. Foi há cerca de quarenta anos que uma generosa geração de capitães libertou o país de um dos períodos mais negros da história contemporânea: a ditadura do Estado Novo.
Um regime que se impunha pela opressão em vez do desenvolvimento do país. Um regime suportado por políticos subservientes e uma polícia política denominada de «defesa do Estado» que, a troco das suas benesses, tudo fazia para esconder os ventos de democracia que, após a Segunda Guerra Mundial, se faziam sentir em grande parte dos países da Europa.
O 25 de Abril foi um movimento de libertação das mentalidades e dos sempre reprimidos direitos sociais e políticos. Constituiu a alvorada da democracia e da liberdade num país onde a repressão se exibia com mãos de ferro e a sociedade começava a não compreender as razões de uma guerra colonial que levava os seus filhos para terras distantes sem a certeza do seu regresso. Um país demasiado empobrecido, com uma economia baseada na agricultura de subsistência e sem perspectivas de futuro. Um país que assistia conformado ao êxodo de novos e velhos que partiam para outras paragens em busca de melhores condições de vida.
Mas, sabemos hoje, o regime só apodreceu de vez com a deterioração da guerra em África e a crescente tomada de consciência de muitos responsáveis das forças armadas pela impossibilidade de uma vitória militar. Daí a Revolução do 25 de Abril de 1974.
Nessa data, encontrava-me na Guiné, numa das regiões onde a preponderância militar do PAIGC - movimento de libertação da Guiné e Cabo Verde - mais se fazia sentir. Embarquei em Setembro de 1973 integrado num Batalhão de Cavalaria. Numa altura em que se assistia à polémica substituição do Governador da Guiné, posto até então assumido por aquele que viria a tornar-se numa das figuras mais controversas do Movimento dos Capitães: o General António Spínola.
Logo que cheguei àquele território ultramarino, apercebi-me do equívoco que representava a nossa presença em África. Na Guiné, para onde me tinham enviado, foi quase imediato o assombro que tomou conta de mim pela certeza de que o movimento local de libertação detinha o controlo estratégico militar. As tropas portuguesas estavam praticamente cercadas, acantonadas a escassas zonas territoriais, munidas de um armamento obsoleto quando comparado com a crescente modernização do material de guerra utilizado pelo PAIGC. Enquanto os militares portugueses dispunham de material de guerra utilizado na Segunda Guerra Mundial, o PAIGC detinha já um armamento altamente sofisticado que lhe era garantido por alguns países do leste europeu.
O 25 de Abril de 1974 foi um movimento muito saudado pelas tropas portuguesas do contigente da Giné. Quando, na manhã desse dia, o Furriel Vagomestre da minha Companhia correu para a messe dos oficiais a anunciar o que tinha ouvido há minutos na rádio, uma alegria contida tomou conta de todos nós. E eram vários os grupos que, a partir daí, se apinhavam em volta de uma radiofonia. A avidez pelas notícias era imensa. E quase todos rezavam pelo sucesso do movimento dos capitães.
Vai já longínquo esse dia de importância vital na vida de milhões de portugueses. Sem o 25 de Abril, não tenho a certeza se estaria aqui nem se o meu país teria usufruido do enorme desenvolvimento económico e social conseguido nas últimas três décadas. Nem tudo correu pelo melhor: mas o resultado final é, sem dúvida nenhuma, muito positivo.
Com certeza que não podemos ignorar as dificuldades que hoje enfrentamos a nível económico e social. Sem dúvida, um desafio que lembra os tempos difíceis que o país sempre enfrentou ao longo dos seus mais de oito séculos de história. Com inegável sucesso, é bom que se diga!
Tal como na natureza, também existem ciclos nas sociedades. E se, a seguir ao Inverno vem a Primavera, eu quero acreditar que, apesar das dificuldades presentes, vamos ter sucesso no próximo futuro. Em liberdade!
Carlos da Gama
 Foto: Google Imagens

1 comentário:

  1. Viva
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