segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Estados de alma …



Foto: Tonicha
- Pardilhó (Aveiro)





 Vagueando por estrada sem vizinhança
travestido de figurante caído em cilada
rondando sem rede e qualquer segurança
como animal inquieto no meio do nada

Sou raiva serena nesta noite de breu
e  bruma suave em chão de lua cheia
sou fome de paz num espaço só meu
e brisa que desperta esta nobre ideia

Sou tumulto d’alma que emerge em segredo
e orador de sonhos sem qualquer plateia
sou chama mortiça numa espécie de enredo
e espuma de mar que se desfaz na areia

Meu peito não dorme nas noites inquietas
suspenso, há muito, em nuvens de Outono
e o coração sufoca em vertigens funestas
como cão doméstico que ficou sem dono

Meu sonho maior é partir clandestino
de alma resgatada e desfeita em vento
tendo os afectos cumprido seu destino
também para mim é chegado o momento

Sei que meus versos, quase sempre, deprimem
por não ter um jeito de ser mais frontal
mas são estados de alma que eles exprimem
por isso, vos peço, não os leveis a mal!

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