É mais um dia que se inicia. Com sol outonal e mil
folhas fazendo de tapete aos transeuntes.
Neste tempo, que docemente resiste à
chuva, as árvores vão-se despindo de pétalas preferindo o sacrifício da fria nudez
que aumenta em cada dia.
A vida escorre nesta cidade de muitas ausências. Daqui,
vejo pessoas que caminham apressadas, como para afagar o ar gélido da manhã.
Outras repousam em espaços soalheiros ruminando a lengalenga de sempre: «a noite
foi fria e o natal está a chegar ...».
Lá mais ao fundo decorre a feira semanal. Um rodopio
de gente enche as galerias dos vendedores barateiros, pois os tempos não estão
de feição.
Há os madrugadores, que já regressam ao ponto de
partida, e outros que carregam sonhos para a grande praça do regateio. É um
bulício que parece organizado, pois, ninguém resmunga os apertos da confusão.
O desígnio de cada um que demanda este local é uma
incógnita abafada pelo rumor constante e o vai e vem permanente.
O rosto de quase todos é de uma seriedade que
inquieta. É furtivo o encontro de olhares e perturbadora a solidão de alguns
passos.
Há os que caminham cabisbaixos de humildade, os
que carregam anos a mais, denunciados por uma tosse catarrada, e os grupos
entretidos com as emoções excitadas pela feira semanal da cidade dos
arcebispos! É a vida que emerge em todo o esplendor!
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