terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Feira semanal


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É mais um dia que se inicia. Com sol outonal e mil folhas fazendo de tapete aos transeuntes. 
Neste tempo, que docemente resiste à chuva, as árvores vão-se despindo de pétalas preferindo o sacrifício da fria nudez que aumenta em cada dia.
A vida escorre nesta cidade de muitas ausências. Daqui, vejo pessoas que caminham apressadas, como para afagar o ar gélido da manhã. Outras repousam em espaços soalheiros ruminando a lengalenga de sempre: «a noite foi fria e o natal está a chegar ...».
Lá mais ao fundo decorre a feira semanal. Um rodopio de gente enche as galerias dos vendedores barateiros, pois os tempos não estão de feição.
Há os madrugadores, que já regressam ao ponto de partida, e outros que carregam sonhos para a grande praça do regateio. É um bulício que parece organizado, pois, ninguém resmunga os apertos da confusão.

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 O desígnio de cada um que demanda este local é uma incógnita abafada pelo rumor constante e o vai e vem permanente.
O rosto de quase todos é de uma seriedade que inquieta. É furtivo o encontro de olhares e perturbadora a solidão de alguns passos.
Há os que caminham cabisbaixos de humildade, os que carregam anos a mais, denunciados por uma tosse catarrada, e os grupos entretidos com as emoções excitadas pela feira semanal da cidade dos arcebispos! É a vida que emerge em todo o esplendor!

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