Em frente, avisto a cidade a bordejar o rio calmo contrastando com a agitação marítima a menos de cem metros.
Pela pele do Ave
passam canoas com promissores campeões da arte de navegar.
A tarde espreguiça-se ao
longo do rio e Vila do Conde está iluminada por um sol que aquece de esperança
estes breves dias de inverno que antecedem o Natal.
Ao fundo, resiste ao tempo o majestático convento que marca a paisagem.
Mais ao lado, pescadores aguardam
pacientemente que a linha dê sinais de esperança.
Estão juntos e enroupados
porque o tempo está de fastio.
Olho a outra margem e à
memória chegam emoções de adolescência quando aportava em Azurara em férias de
verão.
Era o tempo em que julgava o mar da mesma idade. Era o tempo das
perguntas sem resposta e do convívio com a rapaziada de idêntico destino.
Apesar da formação elitista que recebia, aquele foi um tempo com uma única brecha: o céu dos crentes.
Foi a
«manhã submersa» da minha vida, abandonada com o lento despertar para as
emoções de juventude.
Quando as interrogações libertaram a alma, ousei subir a
estrada de afectos, com expectativas, coragem e aventura. Apesar de tudo … saudades
de Azurara!
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