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Há
momentos que gostamos de surfar na vertigem do mistério. De sentir a voz do
silêncio que nos inquieta como vento em seara cheia.
Quando a alma procura abrigo da ambiguidade dos tempos de chumbo, é junto do mar que se concentra. É lá que se despe do corpo e esvoaça suavemente pelo
areal molhado, colada ao algodão balançado da rebentação. E sente-se o seu
olhar desassossegado quando a vista se alonga na lonjura. Só a brisa fresca da
ousadia a prende como uma nau no coração da quietude.
Ali,
ouvindo a voz do mar, bem-humorada ou impetuosa, sente-se bem e esquece tudo o que
foi o seu fado intranquilo. Apenas assimila o olhar e a esfinge daquele momento.
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