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Começou, bem cedo,
a perceber a vida como um rio que deve caber nas margens que o limita e embala
até à foz. Mas, tinha consciência que, pelo caminho, deixaria os afectos
grávidos da sua memória e perturbados pelo futuro que já não o povoa.
Da retina do
passado, costumava revisitar um dos quadros mais fagueiros da sua infância: a
visão de um rapaz a trepar a encosta do monte, até à caseta, para avistar a cidade grande lá do alto. Ali punha o seu pensamento a voar pela vertigem do imenso verde,
debaixo de um céu azul onde a coragem conquistava asas de sonhos encantados. Era
a liberdade inundada pela frescura da paisagem e pela maresia que se adivinhava
mais ao longe.
Respirava mais
fundo para absorver aquela fantástica sensação onde depositava frases de poemas
que há muito guardava no pensamento.
Por vezes, sentia-se
perdido nas palavras que habitavam os seus versos. Doía-lhe qualquer sentimento
que desconhecia. Mas sabia que há ciclos da vida em que começamos a aprender a esperar
o tempo. E o que mais precisamos são palavras cheias de memórias vivas. Todas
as palavras!
A Natureza faz das pessoas simples poetas, com esta paisagem é fácil deixar a imaginação voar. Onde tirou este instantâneo tão encantador?
ResponderEliminarAbraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
P.S. Aludindo ao seu comentário lá no meu espaço, não nasci em Guimarães, mas em África. No entanto, com tantas voltas, é a cidade onde me sinto "em casa". Acho que explico melhor esse sentimento neste post:http://bercodomundo.blogspot.pt/2014/10/theres-no-place-like-home.html
Ruthia
ResponderEliminarConheço bem Guimarães, cidade onde trabalhei durante 4 anos e onde tenho amigos. É, sem dúvida, uma cidade onde apetece deambular demoradamente, entrar nos cafés do Toural e falar com os residentes para melhor compreender o vimaranense.
Apesar da rivalidade existente entre Braga e Guimarães, eu amo a minha cidade (Braga)mas admiro e gosto de estar na cidade de Guimarães.
Quanto aos «instantãneos»: brotam da alma como as fontes de água cristalina nascem de montanhas verdejantes.
abraço
Carlos da Gama