domingo, 12 de fevereiro de 2017

Todas as palavras!



CG


Começou, bem cedo, a perceber a vida como um rio que deve caber nas margens que o limita e embala até à foz. Mas, tinha consciência que, pelo caminho, deixaria os afectos grávidos da sua memória e perturbados pelo futuro que já não o povoa.

Da retina do passado, costumava revisitar um dos quadros mais fagueiros da sua infância: a visão de um rapaz a trepar a encosta do monte, até à caseta, para avistar a cidade grande lá do alto. Ali punha o seu pensamento a voar pela vertigem do imenso verde, debaixo de um céu azul onde a coragem conquistava asas de sonhos encantados. Era a liberdade inundada pela frescura da paisagem e pela maresia que se adivinhava mais ao longe. 

Respirava mais fundo para absorver aquela fantástica sensação onde depositava frases de poemas que há muito guardava no pensamento.

Por vezes, sentia-se perdido nas palavras que habitavam os seus versos. Doía-lhe qualquer sentimento que desconhecia. Mas sabia que há ciclos da vida em que começamos a aprender a esperar o tempo. E o que mais precisamos são palavras cheias de memórias vivas. Todas as palavras!


2 comentários:

  1. A Natureza faz das pessoas simples poetas, com esta paisagem é fácil deixar a imaginação voar. Onde tirou este instantâneo tão encantador?
    Abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    P.S. Aludindo ao seu comentário lá no meu espaço, não nasci em Guimarães, mas em África. No entanto, com tantas voltas, é a cidade onde me sinto "em casa". Acho que explico melhor esse sentimento neste post:http://bercodomundo.blogspot.pt/2014/10/theres-no-place-like-home.html

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  2. Ruthia
    Conheço bem Guimarães, cidade onde trabalhei durante 4 anos e onde tenho amigos. É, sem dúvida, uma cidade onde apetece deambular demoradamente, entrar nos cafés do Toural e falar com os residentes para melhor compreender o vimaranense.
    Apesar da rivalidade existente entre Braga e Guimarães, eu amo a minha cidade (Braga)mas admiro e gosto de estar na cidade de Guimarães.
    Quanto aos «instantãneos»: brotam da alma como as fontes de água cristalina nascem de montanhas verdejantes.
    abraço
    Carlos da Gama

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