CG |
«A única coisa que leva da vida é a vida
que você leva»
Davi Calvacanti
O sonho é «uma constante da vida», tal como canta Manuel Freire. E a utopia
que lhe enche a alma persegue-nos desde que tomamos conta de nós.
Mas é na adolescente-juventude que o
mundo se revela uma conquista deslumbrante. Tudo é descoberta. Sonhamos com
contextos platónicos e projectamos neles a força do destino.
Há o sonho da feliz união a dois, a que
se segue o sonho de gerar os filhos mais predilectos do mundo, o da carreira
profissional sustentada, o da longevidade dos nossos maiores, o das viagens adiadas
e muitos mais sonhos que nos empolgam e dão força ao equilíbrio emocional
perante as adversidades da vida.
Mais lá ao longe emergem desencantos, impensáveis
desenganos, oportunidades perdidas e contrariedades imprevistas. E tudo isto, porque
a vida vai-se transformando numa contínua despedida das pessoas e coisas que
amamos desde o nascimento. E aí, sentimo-nos mais sós numa caminhada de ilusões
de que se avista o epílogo.
Chegamos à idade madura e sentimo-nos
algo cansados pela espera interminável da ambição de uma felicidade total,
apesar do mundo seguro que fomos construindo. Mas o sonho continua a iludir-nos
com um amanhã «de sonho». E a vida habitua-se.
Um destes dias tive um sonho. Porém, não
me lembro de me ter encontrado nele.
Sem comentários:
Enviar um comentário