«Em
cada dia deixamos uma parte de nós mesmos pelo caminho» Amiel
Batalha |
Não por acaso, tropeço nesta frase certeira, que requer uma breve
reflexão. Colhi-a da página que abre o «Diário Volumes V a VIII» do escritor
que há muito teima em ser meu companheiro de viagens: Miguel Torga.
Após pernoitar na cidade da Batalha, onde cheguei já a noite tinha
ganho algumas horas, rumei para o parque de campismo municipal de Beja.
Este
lugar não me é estranho.
Beja |
Apesar de passados cerca de 25 anos, em que cá veraneei
na companhia dos infantes, tudo continua imutável.
O tempo foi fazendo o seu
curso normal sem que algo mudasse neste recanto do Alentejo profundo.
Esse foi
o tempo de percorrer este admirável espaço português com o «iglo» na bagageira
do carro.
Beja |
Foram tempos felizes, aqueles! Pena que os miúdos cresçam e voem
para outras latitudes enquanto «o diabo esfrega um olho»! Pena que assim seja …
ainda bem que assim é!
Li, algures, que os nossos filhos não nos pertencem. Este paradoxo
é, ao mesmo tempo, sadio e cruel.
Sadio, porque o ciclo de vida cumpre-se
quando os filhos ganham independência e constroem o seu próprio projecto de
vida.
Mértola |
Cruel, porque à medida que crescem, mais se sente a sua ausência no
quotidiano das nossas emoções.
Que saudades das gargalhadas infantis da Joaninha quando as
histórias que ouvia terminavam em marotice.
Que saudade de ouvir o Carlitos a
perguntar, pela milésima vez, «pai, ainda falta muito?».
Que saudades das
histórias improvisadas e que tanta atenção ganhava aos putos!
Que saudades do leve
sussurro do sono dos meninos pela noite dentro nas quentes noites de luar do
meu país!
Mértola |
O Alentejo recebe-nos com a sua habitual mornaceira, que junta as
pessoas à sombra das azinheiras e chaparros.
Foi bom de ver os campos, verdes
de oliveiras, outrora pintados de cor parda pela produção de cereais.
Foi
agradável conviver com a simpatia ancestral deste povo, agora mais orgulhoso
pelo reconhecimento mundial do seu «cante alentejano».
Oxalá assim continue!
As histórias que nos contavas, tão elaboradas e cheias de suspense, acabavam sempre em marotice. Era fácil ser feliz!!!
ResponderEliminarAdoro-vos!!!
beijihos grandes
É tão bom ver-te por aqui. Acredita!
EliminarEstamos no Parque de Campismo de Alcácer do Sal. Aparece mais logo, ok?
Beijos e um abraço especial para o Ricardo.