quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Alentejo!

«Em cada dia deixamos uma parte de nós mesmos pelo caminho» Amiel

Batalha

Não por acaso, tropeço nesta frase certeira, que requer uma breve reflexão. Colhi-a da página que abre o «Diário Volumes V a VIII» do escritor que há muito teima em ser meu companheiro de viagens: Miguel Torga.

Após pernoitar na cidade da Batalha, onde cheguei já a noite tinha ganho algumas horas, rumei para o parque de campismo municipal de Beja. 


Este lugar não me é estranho. 
Beja

Apesar de passados cerca de 25 anos, em que cá veraneei na companhia dos infantes, tudo continua imutável. 

O tempo foi fazendo o seu curso normal sem que algo mudasse neste recanto do Alentejo profundo. 

Esse foi o tempo de percorrer este admirável espaço português com o «iglo» na bagageira do carro.
Beja


Foram tempos felizes, aqueles! Pena que os miúdos cresçam e voem para outras latitudes enquanto «o diabo esfrega um olho»! Pena que assim seja … ainda bem que assim é!

Li, algures, que os nossos filhos não nos pertencem. Este paradoxo é, ao mesmo tempo, sadio e cruel. 

Sadio, porque o ciclo de vida cumpre-se quando os filhos ganham independência e constroem o seu próprio projecto de vida. 
Mértola

Cruel, porque à medida que crescem, mais se sente a sua ausência no quotidiano das nossas emoções.

Que saudades das gargalhadas infantis da Joaninha quando as histórias que ouvia terminavam em marotice. 
Que saudade de ouvir o Carlitos a perguntar, pela milésima vez, «pai, ainda falta muito?». 
Que saudades das histórias improvisadas e que tanta atenção ganhava aos putos! 
Que saudades do leve sussurro do sono dos meninos pela noite dentro nas quentes noites de luar do meu país!

Mértola



O Alentejo recebe-nos com a sua habitual mornaceira, que junta as pessoas à sombra das azinheiras e chaparros. 

Foi bom de ver os campos, verdes de oliveiras, outrora pintados de cor parda pela produção de cereais. 

Foi agradável conviver com a simpatia ancestral deste povo, agora mais orgulhoso pelo reconhecimento mundial do seu «cante alentejano».
Oxalá assim continue!

2 comentários:

  1. As histórias que nos contavas, tão elaboradas e cheias de suspense, acabavam sempre em marotice. Era fácil ser feliz!!!
    Adoro-vos!!!

    beijihos grandes

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    1. É tão bom ver-te por aqui. Acredita!
      Estamos no Parque de Campismo de Alcácer do Sal. Aparece mais logo, ok?
      Beijos e um abraço especial para o Ricardo.

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