Lagos é, para mim, a cidade da luz.
Porque a larga
avenida, que nos conduz até à fortaleza, é abrigo da marina que se caracteriza
pela brancura do seu edificado e dos iates que ali buscam guarida;
Porque o Mercado Municipal reflecte uma maior
luminosidade desde que a Sophia de Mello Andersen escreveu, a propósito do mercado
de Lagos, onde fazia compras em tempo de férias: «Entra no mercado e vira à tua direita e ao terceiro homem que
encontrares, em frente da terceira banca de pedra, compra peixe».
Porque o
centro da cidade é um rendilhado de ruas, mais ou menos alongadas e apertadas por
um alvo casario de construção centenária;
Porque o seu concelho abriga uma das mais afamadas
localidades – a Praia da Luz – muito antes de aí ter ocorrido o trágico
desaparecimento da criança inglesa que tanta tinta faz correr.
Lagos é uma
bela cidade que gosto de visitar sempre que o Algarve é destino de viagem.
É
dali que, quase sempre, regresso a casa percorrendo a costa alentejana.
Desta
vez, a primeira paragem é em Almograve.
Caminhamos
alguns quilómetros junto ao mar, admirando as águas límpidas do oceano e o rendilhado
das baixas arribas, revestidas de lajedo, de corte longitudinal, parecido com a
ardósia.
Por ali, apenas se ouve o silêncio cúmplice da
natureza espreguiçada ao sol e o leve marulhar das águas contra a costa.
Seguimos, depois, para Porto Covo, simpática Vila,
também ela de uma enternecedora brancura, não estivéssemos no Alentejo
profundo.
Apesar de o verão estar quase velho, são ainda
muitos os veraneantes que procuram este local.
Talvez, atraídos pelas águas
azul-turquesa que banham as pequenas praias e deslumbram o olhar dos
visitantes.
O dia está bem ensolarado, mas sem castigar.
Uma
brisa refrescante perpassa por nós, aconchegando a caminhada pela marginal onde
apetece sentar-mo-nos num dos vários bancos e aí ficar a escutar a voz do mar e
a tentar perscrutar os mistérios que carrega.
Ao longe, avista-se a «Ilha do Pessegueiro»,
romanticamente cantada por Rui Veloso, numa trova que nos embala, apesar da
trágica história de amor, de tempos imemoriais, que relata.
Mas, mais do que palavras, deixo-vos algumas fotos,
como sempre acontece nos post’s que
publico. Porque, como escreveu José Cardoso Pires, no livro «E agora, José?», «… a fotografia vê o que o olhar não abrange,
aquilo que a nossa atenção visual deixa escapar ou esquecer».
Sem comentários:
Enviar um comentário