segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Beleza rara!






De início, ouve-se o pausado piar das gaivotas. Mais ao largo, o marulhar sereno do oceano. 

Depois, o lusco-fusco da madrugada dá, lentamente, lugar ao clarear do amanhecer.


A temperatura está baixa, talvez uns 12 graus centígrados. Mas vale a pena saltar da cama e admirar o nascer do dia na Praia dos Arrifes.

Estão por aqui, espalhados pelo cimo das arribas, cerca de meia dúzia de autocaravanas. 
Algumas velam, ainda, o sono dos seus inquilinos. Outros estão já nas arribas de melhor vista munidos de máquinas fotográficas prontas a disparar.
Parecem caçadores à espera de registar o momento certo para a posteridade.

Abeiro-me da praia e o espectáculo inicia-se com os primeiros raios de luz a encarar o dia. 
O sol vai-se espreguiçando no horizonte mostrando uma cada vez maior auréola avermelhada que se estende pelas rochas ocres características deste Algarve de sonho.

O silêncio é apenas quebrado pelo esvoaçar de um grupo de gaivotas, como que a saudar a chegada da luz do sol. 

São momentos de apoteose da natureza que, pacientemente, aguardou toda a noite para sentir o sol a emergir em todo o esplendor.

A Praia dos Arrifes, pequenina e encaixada num anfiteatro de rochedos amarelos e ocres, é de uma beleza ímpar. 

Ao lado, a Praia de S. Rafael segue-lhe as pisadas.
É um privilégio poder pernoitar por aqui neste fim de verão e beneficiar de mais um dia de sol e calor.



A manhã foi de caminhada pelas arribas na direcção oeste. Por estreitos trilhos, de terra vermelha, passamos por paisagens exuberantes. 

O mar, sempre ao fundo, prefere esconder-se em grutas e anfiteatros gigantescos, para onde os barcos conduzem os turistas. 

Avistam-se, aqui e ali, pequenas praias quase desertas e, na sua grande maioria, de escassa e perigosa acessibilidade. 

A flora, que nos acompanha, exala um característico odor de madrugadora maresia o que ajuda a enfrentar o esforço da caminhada.

A certo momento, não resistimos a descer uma ladeira íngreme para chegar a uma Prainha, cercada por altas arribas, e cujo areal só emerge na baixa-mar, como era o caso. 

Inebriá-mo-nos com o fantástico cenário de areias douradas por um sol oblíquo e de águas azul turquesa invadidas por um grupo de jovens que ali entraram, cada um em seu barquinho, por um pequeno túnel que faz ligação com o largo oceano. Um momento único de beleza rara!



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