Mês quente de Julho.
Ainda há uns
escassos dias resmungava-se pelo tempo frio e chuvoso que parecia eternizar-se
entre nós. A ponto da bisbilhotice semear a ideia de que este ano não haveria verão!
Mas, este mês, de ampla luz de
maresia, iniciou-se com uma quimera, inusitadamente sumida da vida pelas asas de um
destino. E, aí, a inquietação passou a ser a sombra do seu caminho.
Há muito, muito tempo, que a emoção
era iludida pelo desassossego e a alma sucumbia aos pés da memória traída.
Um dia, já distante, a vereda da
vida terminou abruptamente e um abismo seguiu-se-lhe de sobressalto. Não houve
tempo, sequer, para accionar os meios de estabilidade e o desabamento foi inevitável
e em jeito de tragédia.
Durante
esse lento percurso, quantos silêncios feridos, quanta angústia fatigada, quantos
sonhos perdidos, quanta amargura libertada e quanta injustiça alienada por fantasmas aturdidos!
Sucedeu-se um longo rio triste, de águas impetuosas que tudo arrastavam. Os comparsas de uma vida optaram pelo rompimento dos laços e favoreceram outros destinos. Os afectos esfumaram-se num repente.
É duro atravessar um deserto sob
um sol abrasivo. Porém, quando se alcança o vale verdejante, apesar de
ilusório, solitário e tardio, uma nova expectativa faz o sonho recomeçar. Desta vez, com
horizontes de mar!
Fotos: CG e Tonicha
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