Hoje, primeiro dia do ano, percorri os locais dos festejos
nocturnos da passagem de ano: as ruas, a marginal, a praia, os bares…
Eram imensas as pegadas impressas no amplo areal a denunciar
os muitos que, ao longo da noite, se dirigiram até junto da rebentação. Quem
sabe, se para pedir a Iemanjá um ano
novo que cumpra as melhores expectativas.
Carlos da Gama |
A praia estava repleta
de copos de plástico, garrafas de espumante e de cervejas, muitas das quais
ainda a meio de serem consumidas.
A marginal e as ruas não fogem à regra:
garrafas vazias e copos imundos a revelar um inusitado comportamento de fuga à
realidade através da bebida, em jeito de comemoração do início de um novo ano.
Perante este espólio, consumido pela noite dentro, uma
inquietação emerge da minha alma:
Porque precisamos de afogar as utopias nos
vapores etílicos do nosso desassossego? Porque será que o ser humano necessita
de empurrar a verdade da vida para junto da fantasia dos sonhos reprimidos? Porque
carecemos de iludir a realidade perante nós próprios para que a ilusão nos
mostre a autenticidade que ambicionamos?
Porventura, o exagerado consumo de álcool em quase todas as
comemorações de datas importantes da nossa vida esteja no facto de ser demasiado
curta a distancia entre a utopia e a realidade.
Com a leitura dos magníficos ''post's'' sobre a sua viagem à Figueira da Foz, complementei a minha vivência por ter calcorreado na mesma altura os mesmos ambientes. Parabéns pela prosa brilhante. António Resende
ResponderEliminarObrigado, António Resende. A sua presença por entre estes «desabafos d'alma» deixam-me feliz. Como sabe,já o acompanho há uns bons meses e o seu blog tem sido uma fonte de inspiração para sentir a vida com um outro olhar.
ResponderEliminarCarlos da Gama