domingo, 6 de janeiro de 2013

utopia versus realidade


Hoje, primeiro dia do ano, percorri os locais dos festejos nocturnos da passagem de ano: as ruas, a marginal, a praia, os bares…
Eram imensas as pegadas impressas no amplo areal a denunciar os muitos que, ao longo da noite, se dirigiram até junto da rebentação. Quem sabe, se para pedir a Iemanjá um ano novo que cumpra as melhores expectativas. 

Carlos da Gama

A praia estava repleta de copos de plástico, garrafas de espumante e de cervejas, muitas das quais ainda a meio de serem consumidas. 
A marginal e as ruas não fogem à regra: garrafas vazias e copos imundos a revelar um inusitado comportamento de fuga à realidade através da bebida, em jeito de comemoração do início de um novo ano.

Perante este espólio, consumido pela noite dentro, uma inquietação emerge da minha alma: 
Porque precisamos de afogar as utopias nos vapores etílicos do nosso desassossego? Porque será que o ser humano necessita de empurrar a verdade da vida para junto da fantasia dos sonhos reprimidos? Porque carecemos de iludir a realidade perante nós próprios para que a ilusão nos mostre a autenticidade que ambicionamos?
Porventura, o exagerado consumo de álcool em quase todas as comemorações de datas importantes da nossa vida esteja no facto de ser demasiado curta a distancia entre a utopia e a realidade.

2 comentários:

  1. Com a leitura dos magníficos ''post's'' sobre a sua viagem à Figueira da Foz, complementei a minha vivência por ter calcorreado na mesma altura os mesmos ambientes. Parabéns pela prosa brilhante. António Resende

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  2. Obrigado, António Resende. A sua presença por entre estes «desabafos d'alma» deixam-me feliz. Como sabe,já o acompanho há uns bons meses e o seu blog tem sido uma fonte de inspiração para sentir a vida com um outro olhar.
    Carlos da Gama

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