Há dias, assisti a um documentário na televisão sobre a origem do mundo
numa visão científica que deixa com frágil suporte as teorias teístas sobre a
criação do universo.
Depois da epopeia de quinhentos, em que os portugueses foram dos maiores
paladinos, e de civilizações ancestrais que desapareceram em cataclismos
vários, o homem ousou sonhar com a exploração do universo.
Primeiramente foi a investigação que nos ofereceu teorias sobre a constituição
do espaço celeste. Seguiram-se a conquista da Lua que um dos seus paladinos
justificou como sendo «Um pequeno passo
para o homem, um grande salto para a humanidade».
Joana Carvalho |
Com a aceitação científica de coexistência de milhões de galáxias no universo, sobra-nos a convicção de que o nosso planeta tem a relativa dimensão de um pequeno grão de areia quando comparado com os astros que serão representados pelos restantes grãos de areia de todas as praias existentes no planeta Terra.
Perante esta vastidão, de quase infinito, valerá a pena reflectir sobre o
pequeno mundo de cada um de nós. Pois estamos perante uma realidade que nos
esmaga pela grandiosidade e nos deixa com a certeza de que de pouco valem as
preocupações sobre a nossa existência mais sentida.
Valerá a pena, talvez, reaprender a viver perante este estado de coisas,
relativizando cada acontecimento mais amargurado. Pois, de que adianta o
ensimesmamento pela emergência de um problema que tem a dimensão de caber num
grão de areia?
Esta reflexão traz-me à memória o slogan latino «carpem diem», tantas vezes
lembrado pelo meu primogénito! Talvez influência do filme «O Clube dos Poetas
Mortos» em que o personagem principal, dirigindo-se aos seus alunos, lhes
inspira: «Colham o dia, garotos, tornem
extraordinárias as vossas vidas».
Pois, como
muito bem escreveu o escritor português, Raul Brandão, «A que se
reduz afinal a vida? A um momento de ternura e mais nada...».
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