quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Momento de ternura

Há dias, assisti a um documentário na televisão sobre a origem do mundo numa visão científica que deixa com frágil suporte as teorias teístas sobre a criação do universo.
Depois da epopeia de quinhentos, em que os portugueses foram dos maiores paladinos, e de civilizações ancestrais que desapareceram em cataclismos vários, o homem ousou sonhar com a exploração do universo.
Primeiramente foi a investigação que nos ofereceu teorias sobre a constituição do espaço celeste. Seguiram-se a conquista da Lua que um dos seus paladinos justificou como sendo «Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade».
Joana Carvalho

Com a aceitação científica de coexistência de milhões de galáxias no universo, sobra-nos a convicção de que o nosso planeta tem a relativa dimensão de um pequeno grão de areia quando comparado com os astros que serão representados pelos restantes grãos de areia de todas as praias existentes no planeta Terra.
Perante esta vastidão, de quase infinito, valerá a pena reflectir sobre o pequeno mundo de cada um de nós. Pois estamos perante uma realidade que nos esmaga pela grandiosidade e nos deixa com a certeza de que de pouco valem as preocupações sobre a nossa existência mais sentida.
Valerá a pena, talvez, reaprender a viver perante este estado de coisas, relativizando cada acontecimento mais amargurado. Pois, de que adianta o ensimesmamento pela emergência de um problema que tem a dimensão de caber num grão de areia?
Esta reflexão traz-me à memória o slogan latino «carpem diem», tantas vezes lembrado pelo meu primogénito! Talvez influência do filme «O Clube dos Poetas Mortos» em que o personagem principal, dirigindo-se aos seus alunos, lhes inspira: «Colham o dia, garotos, tornem extraordinárias as vossas vidas».
Pois, como muito bem escreveu o escritor português, Raul Brandão, «A que se reduz afinal a vida? A um momento de ternura e mais nada...».

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