quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nada é de borla…



Ao som de baladas musicais que embalam estes silêncios salgados, os dias que ficaram para trás moldam o futuro próximo.
O ciclo do tempo é veloz quando sentimos que os dias passam muito lentamente, enquanto os anos se vão apressados. Impressiona, mesmo, esta injusta vertigem da existência humana. 
Ainda ontem eu vagueava, atónito, por entre as palhotas do interior da Guiné-Bissau na vivência de um tempo de calafrios e de medos contidos por intervalos de uma guerra injusta e imbecil.
Foto: Carlos da Gama
E, hoje, dou-me conta que já passaram quase quarenta anos desde que coloquei os pés emocionados no asfalto do aeroporto de Lisboa. 
Não foram por acaso as lágrimas que atraiçoaram uma exigida coragem militar, em face do regresso ao conforto dos afetos da família. 
Mas há momentos em que as emoções são mais fortes que o esforço de contenção!
Depois… foi um cavalgar sereno, mas determinado, pela escolha da mãe dos meus filhos, pelo percurso destes, desde o nascimento até ao dia em que as emoções escorreram pela alma, ao assistir ao seu orgulhoso terminar do percurso universitário. 
Ou seja, até ao recebimento da «Carta de Alforria» ou, como muito bem definiu a reitora de um dos pólos universitários, a «Carta de Navegação» que lhes permite o domínio de ferramentas na condução do barco das suas vidas por rotas sonhadas ao longo dos anos de aprendizagem. Na convicção de que nada é garantido sem esforço!

Carlos da Gama

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