Ao
som de baladas musicais que embalam estes silêncios salgados, os dias que
ficaram para trás moldam o futuro próximo.
O
ciclo do tempo é veloz quando sentimos que os dias passam muito lentamente, enquanto
os anos se vão apressados. Impressiona, mesmo, esta injusta vertigem da
existência humana.
Ainda ontem eu vagueava, atónito, por entre as palhotas do
interior da Guiné-Bissau na vivência de um tempo de calafrios e de medos
contidos por intervalos de uma guerra injusta e imbecil.
Foto: Carlos da Gama |
E,
hoje, dou-me conta que já passaram quase quarenta anos desde que coloquei os
pés emocionados no asfalto do aeroporto de Lisboa.
Não foram por acaso as
lágrimas que atraiçoaram uma exigida coragem militar, em face do regresso ao
conforto dos afetos da família.
Mas há momentos em que as emoções são mais
fortes que o esforço de contenção!
Depois…
foi um cavalgar sereno, mas determinado, pela escolha da mãe dos meus filhos, pelo
percurso destes, desde o nascimento até ao dia em que as emoções escorreram
pela alma, ao assistir ao seu orgulhoso terminar do percurso universitário.
Ou
seja, até ao recebimento da «Carta de Alforria» ou, como muito bem definiu a
reitora de um dos pólos universitários, a «Carta de Navegação» que lhes permite
o domínio de ferramentas na condução do barco das suas vidas por rotas sonhadas
ao longo dos anos de aprendizagem. Na convicção de que nada é garantido sem
esforço!
Carlos da Gama
E com esforço seguimos em frente!
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