sábado, 26 de maio de 2012

Rituais de fumos …




Finisterra …
Que dizer deste cabo altaneiro e de puro assombro na sua grandeza? Simplesmente, deslumbrante! Aqui, ouve-se o rumor do mar com os olhos de caminhante!

Uma sensação de total liberdade percorre a alma ao chegar: pelo desassombro, pela magia, pelo olhar que se deleita pelo imenso azul e pelas liturgias dos caminhantes que ali se alimentam de paz, silêncios e meditação. Porque a imaginação não é mais do que a forma como trabalhamos a memória!
O promontório é gigantesco. E, por certo, se Camões fosse galego diria que aqui é «onde a terra acaba e o mar começa!».
Deste lugar sedutor, avista-se uma paisagem de sonho em que apetece ficar para sempre!
Lá em baixo, muito ao fundo, o azul quase embriaga. Uma imensidão de água que se estende até ao infinito. O imenso lago que se mexe e remexe numa inquietude que impressiona. Onde apetece ancorar para espairecer da vida, para refrescar a alma e repensar o futuro.

A terra pintou-se de azul nas suas profundezas e de um verde misturado de amarelo nas alturas de um corpo feito de ventos de magia.
Em Finisterra ganha-se, com maior nitidez, a noção de abismo espalhado pelo azul de mar da dimensão do céu.
Mesmo em tempo de chuva e de algum desconforto da atmosfera, o promontório acolhe-nos sem incomodar.
É, também, um local de fumos que se denunciam pelo rochedo. Uns, menos ortodoxos, são resultado dos tempos modernos de dependências várias. 
Outros, são a continuidade das tradições ancestrais em que os caminhantes, após longo esforço, queimavam as vestes suadas pelo cansaço. Apesar de tudo, o Cabo Finisterra cativa pela magia que incute na alma do visitante. É muito bom estar aqui!

Texto e fotos: Carlos da Gama

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