Finisterra
…
Que
dizer deste cabo altaneiro e de puro assombro na sua grandeza? Simplesmente,
deslumbrante! Aqui, ouve-se o rumor do mar com os olhos de caminhante!
Uma
sensação de total liberdade percorre a alma ao chegar: pelo desassombro, pela
magia, pelo olhar que se deleita pelo imenso azul e pelas liturgias dos
caminhantes que ali se alimentam de paz, silêncios e meditação. Porque a
imaginação não é mais do que a forma como trabalhamos a memória!
O
promontório é gigantesco. E, por certo, se Camões fosse galego diria que aqui é
«onde a terra acaba e o mar começa!».
Deste
lugar sedutor, avista-se uma paisagem de sonho em que apetece ficar para
sempre!
Lá
em baixo, muito ao fundo, o azul quase embriaga. Uma imensidão de água que se
estende até ao infinito. O imenso lago que se mexe e remexe numa inquietude que
impressiona. Onde apetece ancorar para espairecer da vida, para refrescar a
alma e repensar o futuro.
A
terra pintou-se de azul nas suas profundezas e de um verde misturado de amarelo
nas alturas de um corpo feito de ventos de magia.
Em
Finisterra ganha-se, com maior nitidez, a noção de abismo espalhado pelo azul
de mar da dimensão do céu.
Mesmo em tempo de chuva e de algum desconforto da
atmosfera, o promontório acolhe-nos sem incomodar.
É,
também, um local de fumos que se denunciam pelo rochedo. Uns, menos ortodoxos,
são resultado dos tempos modernos de dependências várias.
Outros, são a
continuidade das tradições ancestrais em que os caminhantes, após longo
esforço, queimavam as vestes suadas pelo cansaço. Apesar de tudo, o Cabo
Finisterra cativa pela magia que incute na alma do visitante. É muito bom estar
aqui!
Texto e fotos: Carlos da Gama
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