O percurso matinal de hoje pela marginal, num esforço
saudável do lento pedalar, foi aquecido pelo sol que mantém um verão teimosamente
acolhedor.
A descoberta da parte mais antiga de Aver-o-Mar é
surpreendente. As praias desertas de veraneantes são vigiadas pelos velhos que
parecem olhar o mar com a nostalgia e saudade. Enquanto que as gaivotas se juntam
numa irmandade aguardando o momento certo para se fazerem ao mar.
O monte de Laúndos lá continua sobranceiro sobre toda esta
rica região da Póvoa. É um local ermo de romaria, onde um filho da terra, que
fez fortuna no Brasil, investiu a sua fé no embelezamento do santuário.
Mas é, também, uma das mais temerosas memórias de infância da
minha companheira de afetos: o avistamento de fumo no monte de Laúndos.
Recordações
de medo que o fogo de longe pudesse percorrer a distância de mais de vinte
léguas e atingir a terra da Senhora do Lago, onde residira até à idade adulta.
Como ícone de memórias de infância, pelo ateamento de fogo
que se anunciava ao longe, é também o local de memórias de picnics familiares e
de esperanças de novos rebentos que dariam continuidade ao ADN coletivo.
A partir dessas felizes memórias de afetos, deixou de haver
«fogo em Laúndos»!
Carlos da Gama
Imagem do Google
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