quarta-feira, 16 de maio de 2012

madrugadas de bruma ...



Foto: Carlos da Gama

Ai esta ansiedade que sonhei banida
Sempre a exibir um carácter sinuoso
Parece um ser errante, porque vestida
De vento vadio, por vezes impetuoso

Quando, enfim, abandonei o tempo
Duma letargia que se fez destino
Soltei a alma, corri contra o vento,
Como se fosse o tempo de menino

Ignorando de vez as saudades da partida
Transportei silêncios de mil cores frugais
Como errante pela aventura da vida
Por entre verdes campos de canaviais

Na busca de um refúgio para os sonhos
Dei com o tempo cismando endiabrado
Furtivas mágoas e sonhos medonhos
E de toda a angustia que traz o passado

Permanece, ao longe, já adormecida
A irracional pertença a uma alcateia
Se existiu nostalgia, ela virou cantiga
Como serenata em noite de lua cheia

As saudades que emergem da ternura
Que outrora fizeram meus dias amenos
São da voz do mar quando murmura
Nos areais de luz onde permanecemos

A magia que se adivinha no horizonte
Viaja nos murmúrios feitos pelo vento
As madrugadas de bruma são uma ponte
Que liga todo o céu do meu firmamento

Carlos da Gama 

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