Berlim constituía uma
das expectativas elevadas nesta viagem aos locais mais simbólicos da II
Guerra Mundial. Para além da monumentalidade arquitectónica, espalhada por toda
a cidade, pretendíamos visitar os locais de memória das atrocidades cometidas
pelo regime nazi.
Iniciamos o périplo
pelo «Check-Point» americano do tempo da guerra fria.
Era ali que se situava
uma das fronteiras de Berlim do pós-guerra, quando a cidade foi
territorialmente dividida pelas potências vendedoras do conflito: Estados
Unidos da América, França, Inglaterra e União Soviética.
O «Check-Point», ainda está
povoado com militares dos EUA que, assim, fazem perdurar a lembrança do tempo
em que o mundo ficou suspenso pelo ódio, medo e desconfiança entre os povos.
Seguiu-se, depois, a
obrigatória passagem pela «Topografia dos Terrores», uma exposição de
testemunhos fotográficos e históricos da barbárie nazi e de um pedaço do «Muro
de Berlim» com cerca de 100 metros de cumprimento.
Aí podemos observar e reconstituir o hediondo regime e os horrores de que foram capazes os seguidores de Adolf Hitler.
As palavras, uma vez mais, soçobram perante a crueza das
imagens que observamos.
Faz bem a Alemanha expor ao mundo as atrocidades
cometidas em seu nome por seguidores de um regime demoníaco e infame.
Custa a suportar ver muitos dos testemunhos aí expostos.
Fica a perplexidade e sobram as questões sobre a verdadeira natureza do ser humano: Como foi possível aquela barbárie
contra milhões de indefesos e inocentes?
Como foi possível suportar a tese
racista de que, pelo nascimento, uns são superiores a outros?
Como é possível
que pessoas comuns tenham abraçado a ideologia nazi e se transformado em
senhores da vida e da morte sobre outros seres humanos?
Onde foi recolhido
tanto ódio e tamanha indiferença perante o sofrimento de milhões de inocentes? Como
foi possível acontecer tudo isto?
Ao abandonar aquela
magna exposição de horrores, retomei o caminho com os pensamentos em contra-ciclo
e com a convicção, cada vez mais arreigada, de que o homem é um ser vivo labiríntico
e complexo e que o mundo é um local perigoso. A história das civilizações
confirma perfeitamente esta tese.
Passamos, em seguida,
pelo «Memorial do Holocausto», localizado na região do Portão de Brandemburgo e
que foi construído em memória dos milhões de judeus assassinados pelos nazis.
Mas Berlim tem mais,
muito mais a mostrar ao visitante: magníficos parques verdes (como o
Tiergarten), monumentos incontornáveis e que se transformaram em ex-libris da
capital da Alemanha (como o Reichtag e a Porta de Brandenburg).
A imponência e
beleza dos prédios modernos da Potsdamerplatz, totalmente reconstruída após a
queda do Muro de Berlim, e da Alexanderplatz, grande praça aberta e terminal de
transportes públicos no centro da cidade, próxima do rio Spree, são testemunhos de modernidade da capital da Alemanha.
É por este rio (Spree),
que decorre pelo centro da cidade e passa pelos principais pontos turísticos,
como a ilha dos museus, o parlamento e a catedral, que os barcos se passeiam
sempre apinhados de turistas.
Nas proximidades da
Alexanderplatz, encontram-se a Torre de Televisão, com 368 metros de altura e o
centro comercial Alexa, um dos maiores de Berlim.
Berlim não cansa e é uma das mais fascinantes capitais do mundo, onde a riqueza do passado se conjuga com as linhas vanguardistas do presente.
Fica uma certeza: não será a última vez que visitarei esta magnífica cidade europeia.
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