sábado, 21 de junho de 2014

O inferno de Verdun





 
Local mítico, símbolo internacional, sinónimo de gigantescos sacrifícios consentidos por soldados da Grande Guerra, o nome Verdun ressoa a memória dos ecos dos obuses e morteiros de uma batalha feroz. 

 
Durante 10 meses, de 21 de Fevereiro a 19 de Dezembro de 1916, alemães e franceses protagonizaram, na Primeira Guerra Mundial, aquela que foi considerada a mais longa, violenta e mortífera, de todas as batalhas que a história militar registou. 


O inferno de Verdun - ficou assim chamada aquela tragédia militar - foi uma hecatombe que devorou, nesse curto espaço de tempo, a vida e a saúde de mais de 700 mil soldados. 



Ainda hoje,  a cidade e o que resta das aldeias circundantes oferecem numerosos testemunhos desse tempo encarniçado e a própria paisagem demora a recuperar do imenso traumatismo que a catástrofe lhe infligiu.


A viagem por essa memória é uma via-sacra para a nossa sensibilidade. Mas só ali é possível entender melhor os esforços e ofensivas da frente de guerra perpretada, uma vez mais, por alemães e franceses.

Na cidadela de Verdun, cada pedra fala duma resistência tenaz, da coragem dos soldados e da violência dos combates. 

Ainda hoje é possível percorrer os terrenos, semeados de covas construídas pelos intensos bombardeamentos, como a da village «Fleury-devant-Douaumont» que a guerra fez desaparecer para sempre.


Na área do campo de batalha, de cerca de 15 Km2, levanta-se o Ossuário e o Cemitério Nacional de Douaumont, que acolhem os restos de 130 mil soldados franceses e alemães mortos em Verdun.

A par de outros locais de memória, sensibilizou-me particularmente o Memorial da «Trincheira das Baionetas» que conta a história dos soldados que se preparavam  para uma ofensiva quando, de repente, foram enterrados vivos pela explosão uma bomba. 

As baionetas que emergiam do solo indicavam o lugar onde eles tinham sucumbido.

Terra de morte e de sacrifício mas, também, lugar de memória e recolhimento, Verdun recebeu, da Organização das Nações Unidas, o estatuto de Capital Mundial da Paz. 

O Centro Mundial da Paz, paredes meias com a Catedral de Notre Dame de Verdun, exerce o simbólico dever de memória, com a promoção de exposições, reencontros e debates, numa importante reflexão sobre as guerras e as suas consequências. 


Mas a história tem-nos revelado que a memória dos povos sucumbe aos primeiros sinais de ganância de um qualquer déspota que emirja em cada momento. É a civilização humana no seu trágico esplendor!

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