Local mítico, símbolo
internacional, sinónimo de gigantescos sacrifícios consentidos por soldados da
Grande Guerra, o nome Verdun ressoa a memória dos ecos dos obuses e morteiros
de uma batalha feroz.
Durante 10 meses, de 21 de Fevereiro
a 19 de Dezembro de 1916, alemães e franceses protagonizaram, na Primeira
Guerra Mundial, aquela que foi considerada a mais longa, violenta e mortífera,
de todas as batalhas que a história militar registou.
O inferno de Verdun - ficou assim chamada aquela tragédia militar - foi
uma hecatombe que devorou, nesse curto espaço de tempo, a vida e a saúde de
mais de 700 mil soldados.
Ainda hoje, a cidade e o que resta das aldeias
circundantes oferecem numerosos testemunhos desse tempo encarniçado e a própria
paisagem demora a recuperar do imenso traumatismo que a catástrofe lhe infligiu.
A viagem por essa memória é uma
via-sacra para a nossa sensibilidade. Mas só ali é possível entender melhor os
esforços e ofensivas da frente de guerra perpretada, uma vez mais, por alemães e franceses.
Na cidadela de Verdun, cada pedra
fala duma resistência tenaz, da coragem dos soldados e da violência dos
combates.
Ainda hoje é possível percorrer os
terrenos, semeados de covas construídas pelos intensos bombardeamentos, como a da village «Fleury-devant-Douaumont» que a guerra fez desaparecer para sempre.
Na área do campo de batalha, de
cerca de 15 Km2, levanta-se o Ossuário e o Cemitério Nacional de Douaumont, que
acolhem os restos de 130 mil soldados franceses e alemães mortos em Verdun.
A par de outros locais de memória,
sensibilizou-me particularmente o Memorial da «Trincheira das Baionetas» que
conta a história dos soldados que se preparavam para uma ofensiva quando,
de repente, foram enterrados vivos pela explosão uma bomba.
As baionetas que
emergiam do solo indicavam o lugar onde eles tinham sucumbido.
Terra de morte e de sacrifício
mas, também, lugar de memória e recolhimento, Verdun recebeu, da Organização
das Nações Unidas, o estatuto de Capital Mundial da Paz.
O Centro Mundial da
Paz, paredes meias com a Catedral de Notre Dame de Verdun, exerce o simbólico
dever de memória, com a promoção de exposições, reencontros e debates, numa
importante reflexão sobre as guerras e as suas consequências.
Mas
a história tem-nos revelado que a memória dos povos sucumbe aos
primeiros sinais de ganância de um qualquer déspota que emirja em cada
momento. É a civilização humana no seu trágico esplendor!
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