Deixamos Cabanas de Viriato com a vontade
de regressar logo que terminadas as obras de recuperação da Casa do Passal, a mansão
que foi pertença da família de Aristides Sousa Mendes.
Depois, subimos a Serra da Estrela
que nos recebeu com uma chuva fria e muito nevoeiro.
Após o almoço,
dirigimo-nos para Belmonte. À chegada, o nosso olhar depara-se com uma elevação,
encimada por um castelo belíssimo, e um vasto casario semeado pela encosta.
O cartaz de boas-vindas da Câmara Municipal faz questão de nos lembrar que foi
nesta terra que nasceu o navegador português, Pedro Álvares Cabral, que, no
comando da Segunda Armada à Índia, viria a descobrir o Brasil no ano de 1500.
Começamos por percorrer as estreitas
ruelas onde moram pequenas casas graníticas, asseadas com uma vegetação
colorida.
Algumas exibem fachadas com manifestos sinais de judaísmo. Não por
acaso, aquela Vila foi, em tempos de perseguição, refúgio de muitos judeus
portugueses.
Revisitando a história das
civilizações, constatamos que «No século XVI, aquando da expulsão dos
mouros da Península Ibérica, e da reconquista das terras espanholas e portuguesas pelos Reis católicos e por D. Manuel, foi instaurada
uma lei que obrigava os judeus portugueses converterem-se ou a deixarem o país. Muitos deles acabaram abandonando Portugal, por medo de
represálias da Inquisição.
Outros converteram-se ao cristianismo em termos oficiais, mantendo o seu culto e tradições culturais no âmbito
familiar.
Um terceiro grupo de judeus, porém, tomou uma medida mais extrema.
Vários decidiram isolar-se do mundo exterior, cortando o contacto com o resto
do país e seguindo suas tradições à risca. Tais pessoas foram chamadas de ''marranos'',
numa alusão à proibição ritual de comer carne de porco.
Durante séculos os
marranos de Belmonte mantiveram as suas tradições judaicas quase intactas,
tornando-se um caso excepcional de comunidade criptojudaica. Somente nos anos 70 a comunidade estabeleceu contacto com os judeus de Israel e
oficializou o judeismo como sua religião». (in Wikipédia)
Visitamos alguns monumentos e
lugares de referência não, sem antes, sermos admoestados, ferozmente, por um corpulento
«serra da estrela» que nos ameaçou com uma forte dentuça, opondo-se à nossa
intenção de encurtar caminho por uma zona onde ele fazia a guarda.
Valeu-nos a
coragem do Kiko que, apesar de muito menos volumoso, fez questão de enfrentar a
besta, certamente, em solidariedade com os seus donos.
Não há dúvida que este meu país
tem locais de deslumbrantes paisagens e um fascinante património histórico. Um
deles é Belmonte, uma Vila acolhedora, com ruas e recantos que lembram tempos
imemoriais.
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