quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pobre país!

Cá estamos, de novo, atirados para o fundo de um poço onde a luz se vê cada vez mais longe. Daí a presença, nas últimas semanas, da denominada «Troika», comissão constituída pelo Banco Cental Europeu, pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.
Após terem tomado o pulso às condições do país, disponibilaram uma ajuda financeira para fazer face aos problemas com que estamos confrontados. Uma ajuda demasiado dolorosa para os portugueses, porque vai ser rembolsada a peso de ouro!
Ou seja, uma vez mais temos o país adiado e a empobrecer dia-a-dia. Triste sina, a nossa!
Sobre esta nação, a que pertenço, já o General da Roma antiga, Caio Júlio César definiu como um povo que «não se governa, nem se deixa governar». Ontem, como hoje!
De facto, sucessivos governos e lideranças conduziram o país, nas últimas três décadas, à situação humilhante de estarmos, pela terceira vez em menos de quarenta anos, dependentes da ajuda externa para sobreviver. Uma ajuda que se fará compensar a peso de ouro!
Chegamos aqui por diversificadas razões: em primeiro lugar, a qualidade das lideranças, ou a falta dela, fez com que Portugal se afundasse a ponto de se pôr em causa o equilíbrio social e a qualidade de vida dos cidadãos.
Depois, porque Portugal, como país periférico, está mais dependente, para as boas e as más noticias, da economia global. E a recente crise económica e financeira, que varreu o mundo, nos últimos dois anos, deixou marcas profundas num país com as crónicas e nunca atacadas debilidades estruturais.
Mas isso não explica tudo. Outros países periféricos conseguiram singrar a ponto das suas economias aguentarem as tempestades e os humores dos mercados financeiros. Por que não nós?
Considero que o sistema político vigente na terceira república tem sido desajustado. Não colocando em causa a existência de partidos políticos para o funcionamento da democracia, o facto de conviverem, quase paredes-meias, com a mesa do orçamento conduziu à criação de clientelas que se sucederam no poder e que, para melhor sobreviver, criaram imensas teias de interesses.
Esse tecido clientelar, e as mordomias que foi gerando, tem sido o principal cancro que conduziu o país à degradação politica, económica, financeira e social. Daí que, cada vez mais, se justifique uma reflexão sobre o que se seguirá.
Portugal vai, de novo, a eleições dentro de aproximadamente um mês. E importa perceber se valerá a pena o esforço do exercício desse direito, sabendo que o sistema continuará a arruinar o que resta do país.
Sabendo que as eleições apenas foram provocadas pela ganância da clientela que pretende suceder aos que, há seis anos, permanecem sentados ao redor do orçamento do Estado.
Sabendo que estão a ser exigidos sacrifícios aos cidadãos mais empobrecidos para que tudo fique na mesma.
Sabendo que este acto eleitoral apenas provocará a mudança das moscas deixando que tudo o resto continue sem remédio.
Sabendo, enfim, que, enquanto não se mudar o sistema politico, nada se alterará e que continuaremos a caminhar tristemente para o desterro final.
Ai ... este meu pobre país!

Carlos da Gama

Foto: Google Imagens

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