Ruas apinhadas de
gente de todas as latitudes: barbudos à talibã, rostos berberes, mulheres de
burca ou só de lenço, europeus de olhar surpreso, muitos mendigos, vendedores
de vulgaridades, rodopio de bicicletas e motociclos que desconhecem qualquer
código da estrada, viaturas que se impõem pelo constante buzinar numa condução
do salve-se quem puder, turistas de caleche e de olhar sobranceiro, tudo a
deambular de um lado para o outro numa confusão que, pelo seu contínuo, parece
organizada. É Marraquexe na sua verdadeira essência!
Logo de início visitamos
o minarete da Mesquita Koutoubia, o ex-libris desta cidade, construída em 1147
e uma das maiores do mundo muçulmano ocidental.
A Medina, onde se
encontra a Koutoubia, toda cercada por muralhas, numa extensão de 19
quilómetros, de 2 metros de espessura e 9 de largura, corresponde à cidade antiga
de Marraquexe.
Datadas do século
XII, estas muralhas são as mais impressionantes de Marrocos e abrigam ricos
palácios e pujantes jardins. Algumas das suas portas (entradas) são monumentais
e belos exemplos da arquitectura mourisca.
Um passeio pelas ruas
adjacentes à Mesquita dá-nos a sensação de que este é um mundo diferente.
As
viaturas ocupam quase todo o espaço, num trânsito demasiado caótico. Por isso,
a todo o momento se ouvem buzinas e os passeios são invadidos pelas carroças
dos vendedores ambulantes ou motociclos com condução vertiginosa.
Mas esta é a
normalidade de Marraquexe, sem qualquer vigilância ou recriminação policial.
Visitamos também o
local mítico e mais central da Medina: a Praça Jemaa el-Fna.
Como centro
nevrálgico de Marraquexe, a praça não surpreende pela sua arquitectura pois
compõe-se de um edificado irregular e sem harmonia estética. É a vida e
económica e social que por ali emerge que surpreende o visitante. Não terá sido
por acaso que a Unesco a tivesse declarado como património da humanidade.
Pela noite,
aventuramo-nos numa incursão pela Praça Jemaa el-Fna. Todo o percurso estava
repleto de gente. À medida que nos aproximavamos da Koutoubia mais gente se
via, alguns debruçados em oração sobre um tapete, outros conversando com amigos
ou familiares.
A aproximação à Praça sentia-se pelo odor intenso das dezenas de
cavalos das calexes ali estacionadas à espera de clientes.
Vários são os
conjuntos com instrumentos tradicionais que entretêm os visitantes a troco de
alguns dirham’s. Pela expressão dos rostos advinha-se que são melodias
tradicionais que puxarão pelo sentimento e lembrarão costumes ancestrais do
povo berbere.
A noite na Praça é de
festa sem hora de terminar. Porque Marraquexe é uma cidade que não dorme.
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