quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Emoções de maresia



Imagem Google
A praia de Aver-o-Mar está deserta. De vez em quando vê-se uma silhueta debruçada na areia bem junto onde o mar desmaia. Porventura, está perdida, por entre a maresia, procurando algo que não sabe bem o quê. Talvez busque alguns dos sonhos perdidos algures numa qualquer viela da vida. 

Este início da tarde veio acompanhado de uma brisa fresca que o tímido sol de Outono não consegue aconchegar. Vim até cá com a Micha, após ter sido sujeita a uma pequena reparação em parte do seu aparelho circulatório, mazela de que padecia desde o final da viagem a Marrocos.

O enorme espaço de estacionamento, fronteiriço ao mar, está hoje mais solitário. À chegada, apenas uma pequena viatura com um casal em pose comprometida. Depois, uma outra que cá apenas permaneceu cerca de dez minutos, como que a planear o resto do dia de trabalho.

Bem mais distante, perfilam-se dois barcos que, pela lonjura, parecem imobilizados. O sol, escondido por entre nuvens negras, com espaços esbranquiçados, está cada vez mais próximo do horizonte. Ao fundo, por sobre as rochas, resiste uma jovem a cismar de frente para o mar. São insondáveis os mistérios que o mar encerra a ponto de atrair olhares solitários em tardes frias de Outono.

A maré está a iniciar um novo enchimento, o que favorece uma caminhada junto da rebentação. Este quadro de mar, agitado por ondas mansas, é de uma beleza ímpar. O simples olhar do horizonte, iluminado por um rasto prateado das águas trémulas, desperta vontades de descoberta de países longínquos. Aver-o-Mar, assim, provoca emoções de maresia e de liberdade.
 

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