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A praia de Aver-o-Mar está deserta. De
vez em quando vê-se uma silhueta debruçada na areia bem junto onde o mar
desmaia. Porventura, está perdida, por entre a maresia, procurando algo que não
sabe bem o quê. Talvez busque alguns dos sonhos perdidos algures numa qualquer
viela da vida.
Este início da tarde veio acompanhado de
uma brisa fresca que o tímido sol de Outono não consegue aconchegar. Vim até cá com
a Micha, após ter sido sujeita a uma pequena reparação em parte do seu aparelho
circulatório, mazela de que padecia desde o final da viagem a Marrocos.
O enorme espaço de estacionamento,
fronteiriço ao mar, está hoje mais solitário. À chegada, apenas uma pequena viatura
com um casal em pose comprometida. Depois, uma outra que cá apenas permaneceu cerca
de dez minutos, como que a planear o resto do dia de trabalho.
Bem mais distante, perfilam-se dois
barcos que, pela lonjura, parecem imobilizados. O sol, escondido por entre nuvens
negras, com espaços esbranquiçados, está cada vez mais próximo do horizonte. Ao
fundo, por sobre as rochas, resiste uma jovem a cismar de frente para o mar. São
insondáveis os mistérios que o mar encerra a ponto de atrair olhares solitários
em tardes frias de Outono.
A maré está a iniciar um novo enchimento,
o que favorece uma caminhada junto da rebentação. Este quadro de mar, agitado
por ondas mansas, é de uma beleza ímpar. O simples olhar do horizonte,
iluminado por um rasto prateado das águas trémulas, desperta vontades
de descoberta de países longínquos. Aver-o-Mar, assim, provoca emoções de
maresia e de liberdade.
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