De Coruche a Fátima o tempo esteve
sempre carrancudo e com alguma chuva.
Já nas serras de Aire e Candeeiros fomos
bafejados com um belo arco-íris como que a confirmar que por cá o Outono já faz
o seu caminho.
Fátima é um local que sempre
procuro nos percursos para o sul do país.
Mas não é o apelo da fé, ou da crença
que neste Santuário apareceu a Virgem Maria, que aqui me traz.
Pertenço à turma
dos que respeitam o culto mariano e, sobretudo, a fé dos milhares de peregrinos
que, todos os meses, aqui vêm lavar a alma e cumprir as promessas das suas vidas.
No entanto, a força que me impele a vir aqui é
outra: nesta cova respiram-se os silêncios de que a minha alma carece.
E eu amo
os ambientes que proporcionam recolhimento e ajudam a olhar para dentro de nós.
Tal como os crentes, eu gosto de
aqui fazer um balanço do que passou e perspectivar o futuro próximo da minha
vida.
Agora mesmo, ouço, na torre do Santuário, as badaladas das 12.00 horas e a sonoridade que dali emerge é também
de emoçaõ e recolhimento.
Apesar de discordar dos
milionários investimentos que a Igreja tem feito, beneficiando da fé dos
peregrinos, acho muito belo este recinto.
A Igreja da Santíssima Trindade é de
um fausto que impressiona.
Não seria necessário, certamente. Mas é uma obra de
arte de excepção.
Sempre que cá estou, gosto de me aproximar
da imagem de fé, sofrimento e resignação do Papa João Paulo II.
Este foi um
Papa que me sensibilizou positivamente.
Faltou-lhe, porventura, um olhar mais presente aos
pobres e iniciar o combate ao ritual de riqueza que o Vaticano exibe.
Vivi já uma vida feita de muitos
caminhos.
Cheguei a uma encruzilhada que desejo decifrar. Só que não almejo
saída.
Quem sabe se um dia o sol de inverno me vem confirmar a direcção
certa para uma última viagem. Quem sabe!
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