terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fátima, de novo!



 



De Coruche a Fátima o tempo esteve sempre carrancudo e com alguma chuva. 
Já nas serras de Aire e Candeeiros fomos bafejados com um belo arco-íris como que a confirmar que por cá o Outono já faz o seu caminho.
 
Fátima é um local que sempre procuro nos percursos para o sul do país. 
Mas não é o apelo da fé, ou da crença que neste Santuário apareceu a Virgem Maria, que aqui me traz. 

Pertenço à turma dos que respeitam o culto mariano e, sobretudo, a fé dos milhares de peregrinos que, todos os meses, aqui vêm lavar a alma e cumprir as promessas das suas vidas.
 
No entanto, a força que me impele a vir aqui é outra: nesta cova respiram-se os silêncios de que a minha alma carece. 
E eu amo os ambientes que proporcionam recolhimento e ajudam a olhar para dentro de nós.

Tal como os crentes, eu gosto de aqui fazer um balanço do que passou e perspectivar o futuro próximo da minha vida. 
E este ambiente é propício a esse cismar.

Agora mesmo, ouço, na torre do Santuário, as badaladas das 12.00 horas e a sonoridade que dali emerge é também de emoçaõ e recolhimento.

Apesar de discordar dos milionários investimentos que a Igreja tem feito, beneficiando da fé dos peregrinos, acho muito belo este recinto. 
A Igreja da Santíssima Trindade é de um fausto que impressiona. 
Não seria necessário, certamente. Mas é uma obra de arte de excepção.

Sempre que cá estou, gosto de me aproximar da imagem de fé, sofrimento e resignação do Papa João Paulo II. 

Este foi um Papa que me sensibilizou positivamente. 
O seu testemunho de vida interroga-me e deixa-me confuso e inquieto. 
Faltou-lhe, porventura, um olhar mais presente aos pobres e iniciar o combate ao ritual de riqueza que o Vaticano exibe.

Vivi já uma vida feita de muitos caminhos. 
Cheguei a uma encruzilhada que desejo decifrar. Só que não almejo saída. 
Quem sabe se um dia o sol de inverno me vem confirmar a direcção certa para uma última viagem. Quem sabe!

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