domingo, 3 de julho de 2011

Parabéns, Tiago!



Ontem foi dia de festa. Dia de se entrar na igreja e de ouvir as sábias palavras do padre ao receber o Tiago no templo de Deus.
Dia em que foi bom perceber as emoções dos pais do Tiago quando o padre referiu que ele estava ali para nascer de novo, tornando-se num membro da igreja cristã.
Mas, também, o dia de ontem foi um tempo de encontros, sorrisos e convívio. De início, o encontro foi concentrado na principal razão do mesmo: o baptismo do Tiago.
Mas, rapidamente, o olhar e a atenção fixam-se nos convivadados e nos contextos em que se apresentam. Reparamos, por vezes, se a cor da pele dos convivas denuncia a estada mais próxima do mar ou o pálido das rotinas de sempre. Comentamos se o tempo deixa, ou não, marcas nos amigos que não vemos há mais tempo. Falamos dos assuntos do dia, das mudanças deste ou daquele protagonista social ou político, das medidas do governo para fazer face à crise, da situação do país … onde sempre um desabafo é atirado para o meio das palavras: «na Grécia as coisas estão bem piores!».
Nós, portugueses, temos esta fantástica tendência para aliviar as dores dos dramas que nos esmagam a vida: sempre nos refugiamos num eterno «podia ser pior!».
É, talvez, este pendão fatalista do destino lusitano, ou a eterna esperança sebastianista de que estamos impregnados, que nos deixa conformados com tudo e todos. Sempre acreditamos que, mais tarde que cedo, surgirá um «salvador», nem que seja por entre as brumas de uma manhã de nevoeiro.

Mas …, regressemos ao início da viagem. Falava sobre as festas familiares que se consubstanciam em encontros dos que um dia se decidiram por um percurso comum. No entanto, seja qual for a razão subjacente ao encontro de famílias e amigos, as festas são sempre dos convivas e quase nunca dos protagonistas.
Desta vez foi o Tiago, o primeiro rebento da Marta e do Carlos, a promover este convívio. A festa foi linda. Coube-me o privilégio de fazer uma leitura dos livros sagrados, a pedido do padre. O que fiz com muito gosto.
Mas a impressão mais viva, que retenho, é a do contentamento dos dois jovens pais, por terem gerado um belo rapaz, de sorriso iluminado, sossegado o suficiente quando satisfeitas as suas reivindicações e promotor de uma felicidade sem fim, denunciada pelos sorrisos dos avós e familiares mais próximos.

Por natureza, ou por razões de destino, não sou adepto de encontros festivos em grande escala. No entanto, foi com prazer que participei nesta cerimónia festiva de grande cariz familiar. Porque, por um lado, estava acompanhado do meu núcleo de afectos e, por outro, ela cruza-se com o meu percurso de vida e desperta emoções de profunda saudade.
Olho para trás e vejo que o tempo passou por mim, apressado! Acho que foi apenas há momentos que acompanhei os avós do Tiago ao baptistério de Gemeses, para assumir o papel de principal testemunha do baptismo da recém-nascida, Marta Susana. Lembro bem que essa cerimónia religiosa contou com gente dos nossos afectos que, entretanto, partiram, fixando-se na mais viva memória das nossas vidas.

O tempo, esta perturbadora inquietação, é como a água de uma fonte que jorra, dia e noite, sem parar. Só quando a sede nos obriga a aproximarmo-nos dela é que percebemos, por instantes, que aquelas águas que sorvemos são apenas um resquício do imenso lago onde se encontram os nossos mais queridos.
Durante a vida, só por instantes damos conta do tempo que passa. Vivemos comprimidos pelas margens das rotinas do dia-a-dia sem repararmos que o rio cumpre o seu inexorável destino de conduzir as águas para o mar. Daí que necessitemos, de quando em vez, de despertar os afectos de proximidade. Como ontem aconteceu!
Parabéns Tiago, pelo teu baptismo e por fazeres parte de nós. Desejo que a tua vida tenha um percurso feliz!

Carlos da Gama
                           Fotos: Google Imagens

Sem comentários:

Enviar um comentário