sexta-feira, 29 de julho de 2011

Até ao novo estio …





Hoje, poderia falar do clima deste meu país, quentinho de verão! Ou de «Que fazer quando tudo arde?» do António Lobo Antunes. Ou falar de metamorfoses... naturais e humanas.
Falar, ainda, de que não tenho avistado a lua... talvez por ela se sentir em fase nova e a timidez seja o seu refúgio de mocidade. Esperemos que fique mais cheiinha e aí surgirá em todo o seu esplendor!
Gosto de a ver nas manhãs quentes do verão, ainda com o céu sonâmbulo, pintado de azul anil. Acho que, assim, o dia inicia-se mais iluminado e cresce a vontade em me distender pelas estradas largas das rotinas de sempre. Fica mais leve esta vida de encontros e desencontros. Em que, como geme a cantiga: «ninguém é de ninguém!».

Mas, falar em metamorfoses traz-me à memória alguns sons da minha infância. Mais concretamente, a lembrança das melodias saídas, nas tardes longas e quentes do estio, de uma generosa poça de água existente, à época, junto da casa da família.
Pela calada da noite, ouvia-se um trilhar de sons de milhares de rãs e girinos, como que a confirmar uma vivência feliz, apesar de servirem de alimento aos galináceos que, pelo entardecer, se dirigiam àquela terra prometida onde se banqueteavam, a modos de uma orgia romana. Dali, só regressavam de papo cheio.
Mas, à medida que a seca ia avançando, aquela fonte iniciava um percurso de redução de água... e os sons ficavam cada vez menos estridentes. Até que o mutismo denunciava que a vida se extinguia de vez. Até ao novo estio!

                  Fotos: Google Imagens      

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