segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Assim, não se vai lá!



Retornam os incêndios a este país num tempo que já não é de sua «época». De facto, o mês de Outubro inicia-se quente, como foi o Setembro da minha viagem, de que aqui darei conta nos próximos escritos.
Já um dia escrevi sobre os «fogos de verão» que assolam, de norte a sul, este pequeno rectângulo português e que parecem constituir um das indústrias mais rentáveis, nos tempos que correm. Porque, quando um alerta de fogo se faz presente logo acorrem dezenas de bombeiros com toda a parafernália de instrumentos de combate. E, quase sempre, os meios aéreos, para largar água em abundância no apoio ao combate feito em terra.
Tudo isto custa os «olhos da cara» a este endividado país. Desde que se inventou a «época de fogos» que, segundo creio, vai de Junho a Setembro, o país foi sendo consumido numa liturgia de terra queimada de grande interesse económico para alguns.
É impensável a inexistência de fogos nos meses de maior calor. Porque, a acontecer, muitos ficariam sem o «ganha-pão» e sem poder rentabilizar os equipamentos de combate.
Tenho pela missão dos soldados da paz um enorme respeito e admiração. Sei da abnegação de muitos no socorro das populações que se confrontam com tragédias ocasionais. Mas, nos últimos anos, têm-se cometido exageros.

Estou no meu último dia de férias em Albufeira, já quase no final de Setembro. Num passeio vespertino, dei conta de uma coluna de fumo a erguer-se num campo de restolho sem árvores de valor. Quase de imediato, ouço as sirenes dos bombeiros a anunciar a sua aproximação ao «sinistro». Mais longe, outras sirenes de bombeiros pareciam vir naquela direcção e, pasme-se, um helicóptero surge a sobrevoar os cerca de cem metros quadrados de feno que ardia em labaredas rasteiras.
Aproximei-me mais um pouco e contei cinco carros de bombeiros (oriundos de Albufeira, Silves e Messines), um helicóptero, que se apressou a abandonar o local, certamente pelo ridículo do seu chamamento, e um carro-patrulha da Guarda Nacional Republicana, a registar a ocorrência.
Meu Deus! Como foi possível que uma inofensiva «fogueira» tenha dado azo a tanto alarido e a uma despesa a acrescer ao depauperado orçamento nacional.
Fiquei triste pelo cenário que confirmei «in loco». E pensei que este país não tem emenda! Num tempo em que não existe dinheiro, sequer, para «mandar cantar um cego», um simples arder de feno, num campo sem árvores ou casario, foi o motivo maior para que tantos homens e equipamentos tenham promovido mais uma inútil despesa.
É caso para dizer: «Assim, não se vai lá»!

                  Foto:         Carlos  da  Gama

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