segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Chegou o Outono!




Chegou, apressado, o Outono do próximo Inverno. 
Empurrado pelo vento norte e aparentando estar zangado com tudo e todos. Mas, certamente, este ar de revolucionário se justifica por ter chegado um pouco atrasado à vida.
A natureza já tinha dado falta dele. Principalmente, os campos que continuavam sem o verde que reconforta a fome dos animais e das pessoas.
Chegados quase a Novembro, já se fazia sentir a ausência de água. E, também, os olhos mantinham-se ansiosos pelos caminhos de pétalas mortas, de orgias multicolores, em que os ocres, mais ou menos retintos, assumem a primazia.
Não foi, pois, surpresa a chuva forte, até porque já, há alguns dias, era anunciada. Mas surgiu, em ferozes bátegas, empurrada por um vento encrespado e fugidio.
Água e vento surgiram de rompante, entrando nos aconchegos, despertando alguns incautos e derrubando muitas árvores de mais frágil exposição.

Os anos habituaram-nos a sentir mais cedo o Outono frio e com alguma chuva espaçada no tempo. E a admirar os quadros bucólicos, de grande beleza, que sempre nos oferece esta estação de extraordinárias cores e matizes.
Apesar de nos preparar para um Inverno temido pela aspereza do frio e ausência de luz, o Outono é uma estação de que se gosta. 
É com ele que as castanhas ficam «quentes e boas», o vinho dá a conhecer o seu picão e sabor e o calor das lareiras junta as pessoas.
O Outono da minha infância era assim: frio de neve, casas aquecidas com a lenha recolhida no estio, longas conversas pela noite dentro e aconchego dos afectos familiares.
Apesar das carências, sentidas em muitos aspectos do quotidiano (quando comparado com os de hoje), sinto saudades do Outono da minha infância.
Talvez, porque esse foi o tempo em que me senti livre de compromissos, cativo da ternura da progenitora e fruindo da liberdade da inocência.
Lá fora, as fortes bátegas da chuva continuam a anunciar que chegou o Outono!

                  Fotos: Google Imagens     

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