sábado, 8 de outubro de 2011

A importância do silêncio!

  




Cheguei a Fátima, no final do primeiro troço da viagem de férias, já a noite estava iniciada. 
No parque, de estacionamento e pernoita, marcavam presença cerca de uma trintena de autocaravanas, a imensa maioria oriundas de países europeus. 
O espaço, generosamente iluminado, fica por detrás do Santuário, o que facilita a visita a qualquer hora.
Após o jantar, e apesar do esfriado da montanha, demos uma volta pelo recinto até à Capela das Aparições.
Ali, alguns estrangeiros, maioritariamente, indianos, italianos e espanhóis, organizados em grupos, terminavam o dia em cerimónias de fé.

 A noite foi serena e bem dormida. Logo pela manhã, visitamos, de novo, todo o recinto, incluindo a nova Igreja da Santíssima Trindade, que impressiona pela grandeza e riqueza, e a imagem do Papa João Paulo II. 
Apesar do fausto, que apetece criticar, num país onde a pobreza aumenta a cada dia, a sensação que nos envolve é de serenidade e paz. Respira-se, por ali, um ambiente de recolhimento.
Fátima é, sobretudo, um local de fé e de esperança. E a sua grandiosidade entranha-se na alma dos visitantes, a ponto de não se ter pressa de partir. 
Após a beatificação, pela Igreja Católica, de João Paulo II, a sua estátua, situada em frente da Igreja da Santíssima Trindade, é um ponto forte de peregrinação, onde as pessoas procuram ajuda para as angústias e as incertezas da vida.

Estive, por momentos, a apreciar o passeio de sacrifício, onde muitos crentes caminham de joelhos até à Capela das Aparições. 
Por vezes, com crianças ao colo. São promessas, feitas em momentos de aflição, que ali são redimidas.
É curioso o facto dos pagadores de promessas serem maioritariamente mulheres. 
Raramente se vê um homem a percorrer aquele imenso passeio, já luzidio pela quantidade de joelhos que lhes dá uso.
A imagem mais comum é a da mulher mãe, namorada ou esposa, a caminhar de joelhos, com os homens de pé, a seu lado, por vezes comprometidos pelos olhares de que são alvo.
A interpretação deste fenómeno, procuro-a, não só na permanência de resquícios de uma sociedade ainda medieval e machista, como na maior generosidade das mulheres do meu país em oferecer o seu sacrifício para que a sua vida e a dos seus afectos sejam protegidas pela fé.

Dizia-me, há tempos, um amigo que, apesar de não ser crente, gostava de visitar aquele recinto. Porque, confessava, sentia uma agradável sensação de serenidade e de paz e, também, porque ali percebia, com maior desassombro, a importância do silêncio!


                  Fotos:         Carlos  da  Gama

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