quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pulo do Lobo!




Chegamos à área de serviço de Vale de Parra, em Albufeira, pela tarde.
Foi agradável, por personalizada, a recepção. Daqui sente-se o cheiro da maresia que se produz a pouco mais de mil metros de distancia.
O percurso, desde Monsaraz até à Mina de São Domingos, foi difícil e agreste. 

A opção do caminho que tomamos em Serpa, a conselho de um cidadão local, viria a transformar-se numa aventura demasiado perigosa. 
Ao passar a Serra de Serpa, mais próximo do «Pulo do Lobo», a medíocre estrada abandona o alcatrão e a autocaravana passa a denunciar a sua passagem por tremores e solavancos e um contínuo rasto de pó.
Valeu o facto de serem escassos os viajantes por aquelas paragens. E os que se aventuravam pelos trilhos de terra batida, grávida de seixos rolantes e povoada por imensos buracos que, aqui e ali, a tornavam quase intransitável, faziam-no com veículos de tracção às quatros rodas.

Numa íngreme descida de barranco, com uma curva de cotovelo, senti o coração a apertar com o medo de que o veículo resvalasse para o precipício, de algumas dezenas de metros, sem qualquer protecção.
Ferindo o silêncio, que o momento inspirava, a minha companheira de viagem balbuciou uma atrevida pergunta: - «Estás com medo da descida?». Fingi não ter prestado atenção àquela inocente «provocação» e continuei emudecido para não acrescentar pânico ao súbito pavor da vertigem. 
Com a autocaravana engatada na primeira velocidade, e a passo de caracol, lá consegui descer a ladeira de cerca de 200 metros e reconquistar a tranquilidade interrompida. Apesar do piso continuar miserável, lá fomos subindo a montanha descarnada de terra e onde a vegetação se espalha pelo empedrado daquela aridez desértica.

                  Foto:         Google
O «Pulo do Lobo», local de belas paisagens agrestes, ficará na memória assombrada da minha vida, por esta passagem inundada dos medos, que tive de refrear, pela descida daquele barranco íngreme até ao minúsculo afluente do Guadiana. 
Para o futuro fica a prudência de sempre seguir o percurso planeado deixando para segundas opções os conselhos de locais bem-intencionados mas que demonstram ignorar as exigências de um veículo com a dimensão e o peso de uma autocaravana.
Apesar de tudo, valeu a pena. E um dia, por certo, visitarei, com a tranquilidade de outro meio de transporte, o Pulo do Lobo!

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