quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Um lugar tão especial!




Voltei, de novo, ao Baleal, pequena ilha situada ao norte de Peniche, para matar saudades de uns anos de ausência. Na última visita, efectuada àquele paraíso de abundantes ares marítimos, o meu cardume ainda pertencia ao infantado, fase da vida onde tudo é descomprometimento e descoberta.
Lembro bem as noites daquela instância de sonho onde, pelo entardecer, uns corpulentos insectos, de penugem loiro-avermelhada, nos visitavam em alvoroço. Ainda hoje lembramos a exuberância do Baleal naquela época e contexto, sempre recordando as aladas visitas.
É verdadeiramente surpreendente o sentimento de bem-estar que aquelas paragens incutem aos visitantes. Não admira, pois, que o escritor, Raul Brandão, tenha deixado, nos seus escritos, que aquela era «a mais linda praia de Portugal!».
Apesar de um pouco desleixada, pelo lixo que, aqui e ali, se espalha pelos cantos, a mistura dos cheiros de mar e da confecção de típicas iguarias gastronómicas nos seus inúmeros restaurantes, incutem ao visitante o sentimento ímpar de frugalidade e de acolhimento. 

A visão que ali se alcança, com o mar a preencher a paisagem, mais ao longe, bordada pelo casario de Peniche, prende-nos a alma por um tempo de pressas ausentes.
Apetece permanecer perdido na admiração dos rochedos que protegem a pacata «ilha», de ousada beleza e de finas areias brancas que fogem do alcance da nossa vista.
Na degustação de memórias vivas, vale a pena pedalar os cerca de 3500 metros de passeio, ladeado por generosas dunas, sentindo a brisa no rosto e os sonhos repousados na natureza em redor. 
E, ao final do dia, fruir de um pôr-do-sol de horizontes atlânticos, com as Berlengas, fundeadas ao longe, dando mais encanto ao sabor da maresia.
Ao partir do Baleal, somos invadidos por um sentimento de nostalgia e saudade. E pela certeza de, em breve, regressar a esta visão inspiradora de um lugar tão especial!

                  Fotos:         Carlos  da  Gama

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